Autor Tópico: O Garoto na Bolha (PBS - The Boy In The Bubble)  (Lido 241 vezes)

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VitDoc

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O Garoto na Bolha (PBS - The Boy In The Bubble)
« em: Segunda, 07 de Fevereiro, 2022 - 18h29 »
Esse documentário me fez pensar em uma série de coisas:

1) O que, na prática, significam conceitos como doença incapacitante e doença terminal? Qual é a diferença entre ter uma doença que o inquestionavelmente o fará morrer e uma, na época de David, que o impedia de simplesmente viver?

2) Qual é o limite ético no uso de alguém "doente" para a descoberta de uma cura? Afinal de contas, o que a Ciência pode usar de um paciente para seus estudos: amostras de sangue, órgãos, cérebros ou toda uma experiência simulada de vida?

3) Apesar de parecer simples e direto, qual é o limite entre ser otimista e ser realista? Como dosar isso em relação às famílias dos mais adoentados?

4) Qual é a diferença entre salvar vidas e dar uma vida a alguém? Vale a pena confinar uma pessoa a um pulmão artificial ou a uma vida de duração incerta em uma bolha?

5) Como lidar e fazer os demais entenderem que sua experiência de vida não poderá ser igual à dos outros, não por uma fatalidade do destino, mas por uma decisão pensada sobre a qual você não foi consultado?

6) A sutileza absolutamente cruel com que Wilson, o médico, ensina a David a fragilidade da vida e, indiretamente, acaba reforçando um velho ditado: "a ignorância é uma bênção". Será que, sem o conhecimento de que germes poderiam matá-lo, a vida de David teria sido emocionalmente mais estável?

7) A forma clara e até quase poética como é retratado que o ser humano pode resistir à privação de contato, mas é extremamente vulnerável à experiência de "abandono".

8) O programa também ilustra didaticamente como o medo limita e incapacita nossa vontade de viver. O exemplo do traje espacial é absolutamente uma evidência robusta disso.

9) Algo que me chamou muito a atenção também é algo que não consigo encará-lo de outra forma que não como uma mentira psicológica cruel. Os familiares e o próprio David são levados a crer que ele vive uma vida limitante, porém "satisfatória". Reparem que, em momento algum, David conscientemente clama pelo fim de sua vida ou atenta contra sua bolha. Ele pede para sair da bolha, mas nunca abraça conscientemente, muito provavelmente pela ainda tenra idade que tinha ao morrer, seu destino fatídico. Quando o faz, é porque seu estado psicológico já está totalmente destroçado. Isso prova que, mentalmente, ele sempre teve esperança de que tudo aquilo iria passar... que havia um plano B pronto.

10) Acho que a coisa mais miserável que já na vida é quando uma das enfermeiras diz que, para David, o mundo não era 3D - era algo plano, como uma árvore em uma folha de papel pincelada com cores. As coisas podiam ser belas, mas eram rasas, sem conteúdo e sem mistério. Imediatamente, veio-me à mente o que seria um "abraço 2D", e desaguei em lágrimas após isso... embora ele tenha, na verdade, podido abraçar a mãe usando seu traje espacial, ele infelizmente nunca sentiu seu calor - o verdadeiro 3D envolvido.

Agora me pego todas as noites lembrando sua história, ainda profundamente incerto de qual teria sido o melhor caminho a percorrer...
« Última modificação: Segunda, 07 de Fevereiro, 2022 - 18h33 por VitDoc »
"O conhecimento anda de mãos dadas com a verdadeira luz".

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