Autor Tópico: Série Lost e por que todo dia arrumamos o cabelo e não o coração? - Texto  (Lido 235 vezes)

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feliphex

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Nós todos os dias arrumamos os cabelos: por que não o coração?
Provérbio Chinês

Lost (Perdidos, em Portugal) estreou em 22 de setembro de 2004 e finalizou em 23 de maio de 2010.



No espiritismo as pessoas na sociedade exploratória moderna líquida não agem pensando no que os antepassados iriam achar das suas atitudes, agem com futilidade pensando em coisas superficiais ou bens materiais que substituem relações interpessoais. Se tal pessoa levava bronca do pai em vida imagine se ele iria querer revisitar o pai em morte e levar bronca? Iria dizer: volta pai de onde tu vieste! Esse comportamento inconsequente pode gerar o transtorno de borderline, onde a pessoa perde a noção do que é certo e errado e passa dos limites.

"O conceito de modernidade líquida foi desenvolvido pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman e diz respeito a uma nova época em que as relações sociais, econômicas e de produção são frágeis, fugazes e maleáveis, como os líquidos."


Imaginei esse escultura como os antepassados voltando.

Em Lost o personagem John Locke tem que matar o próprio pai para superar traumas do passado mas ele foi covarde e teve que pedir a Sawyer para matá-lo. Depois carrega o pai morto nas costas como quem carrega a própria cruz. E nós como expectadores esperávamos que ele matasse mesmo ... mas em geral não é disso que precisamos, a ruptura é importante em qualquer relação tóxica, mas em geral a união de verdade é necessária, uma boa relação com os antepassados de fidelidade nas ações, ficar em cima do muro e esperar sempre quando quiser aquela carta psicografada só com amor, carinho e elogios é difícil.



Na série vários personagens tem nomes com alusão a filósofos, John Locke foi um filósofo inglês nascido em 1632.

"A necessidade de procurar a verdadeira felicidade é o fundamento da nossa liberdade." Filósofo John Locke



Na ilha o determinismo geográfico é muito latente, tudo gira para o ambiente modificar as pessoas, todas as dificuldades, monstro da fumaça, iniciativa dharma, cada um vai sendo moldado de acordo com o ambiente e não tem escolha, sairão pessoas diferentes dessa experiência, mas existe o possibilismo geográfico, a capacidade do ser humano modificar o espaço em que vive, pegar todas as situações as manobrar a seu favor e tornar o lugar melhor para seus interesses, foi exatamente o que fez Jack na cena clássica quando diz a Kate que eles tem que voltar para a ilha.



Ori na mitologia iorubá (dos orixás), significa cabeça. A cabeça no candomblé é sagrada, sem ter cabeça você não faz nada, se entrega para energia negativas, abre seu corpo para vícios e coisas erradas. Mente sã, corpo são. Frase do poeta romano Juvenal. (John Locke usa a frase em seu livro Some Thoughts Concerning Education, 1693) Na filosofia chinesa do yin e yang, "estar saudável é necessário manter o equilíbrio do corpo, mente e espírito, equilibrando os alimentos para nutrir o corpo e equilibrando as emoções para nutrir a mente." https://www.portalgramadonews.com.br/a-importancia-do-equilibrio-do-yin-yang-na-vida/




No yin e yang do caos nasce a luz, e os dois estão interligados. Voltando a lost o monstro de fumaça é o caos e reconstrução mental dos personagens é a luz, eles tem que passar por uma evolução pessoal superando problemas do passado. Uma vez eu vi uma pregação de um pastor e ele dizia que no apartamento dele havia faltado luz, ele foi até a janela e viu bem longe que lá havia luz, com medo no escuro ele disse que se fosse preciso caminharia até onde havia luz e fez uma analogia com Deus, que podemos estar na escuridão mas caminharmos para a luz de Deus. Os problemas são normais na nossa vida, é normal ter problema para que ele sirva se escada para sua evolução pessoal. A melhor professora que eu tive sempre dizia: "quem não tem problema é problemático."

O símbolo da iniciativa DHARMA é baseado no ba gua chinês:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ba_gua
 


o significado da palavra Dharma e a explicação da essência da série Lost:
"A raiz sânscrita dhr do termo dharma significa “suporte” e traz a ideia de sustentar, manter e firmar. Em sua forma mais antiga, o termo aparece pela primeira vez nos Vedas (hinduísmo), referindo-se principalmente à lei espiritual, moral e o cumprimento dos deveres que dela derivam.

O dharma, portanto, pode ser entendido, como uma lei cósmica que governa a natureza e a vida, dando significado para a existência de cada ser, seja ele vivo ou inerte.

Assim, quando se diz que uma pessoa está cumprindo o seu dharma, entende-se que ela esteja não apenas seguindo leis, normas e deveres impostos externamente, mas sobretudo agindo de acordo com sua natureza intrínseca, em consonância com sua qualidade essencial. Isso leva ao desabrochar pleno do ser em sua verdadeira identidade. Em suma, viver o dharma significa conhecer a si mesmo e agir de acordo com esse conhecimento." https://www.gilistore.com.br/blog/o-que-e-dharma-e-qual-o-seu-significado

Pensei em um final alternativo para Lost, personagens encontram mais um vídeo de orientação da Iniciativa Dharma e nele está Sayid, assim Sayid descobre que viajou no tempo e que já trabalhou na Dharma no passado, depois eles encontram o Sayid do presente, um velho eremita, vivendo isolado na floresta, é esse ancião que vai explicar tudo para eles o que é Dharma e que a ilha escolhe as pessoas para evoluírem e etc, depois todos vivem feliz para sempre na ilha. (feliphex como você pensou nisso? São elementos clássicos de narrativa! Lembram do Gandalf ou Morpheus explicando tudo?)





feliphex é especialista em dormir e sonhar com textos malucos para o docspt.com
« Última modificação: Quarta, 15 de Novembro, 2023 - 19h32 por feliphex »
"Pouco com Deus é muito, muito sem Deus é nada!"

feliphex

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Re: Série Lost e por que todo dia arrumamos o cabelo e não o coração? - Texto
« Resposta #1 em: Domingo, 19 de Novembro, 2023 - 16h38 »
O romance La invención de Morel do escritor argentino Adolfo Bioy Casares influenciou Lost.

traduzi o resumo do livro da wikipédia em espanhol abaixo, para os interessados:

https://es.wikipedia.org/wiki/La_invenci%C3%B3n_de_Morel (wikipédia em espanhol do livro)

O Fugitivo começa um diário depois que alguns turistas chegam à ilha deserta onde está escondido. Embora considere esta presença um milagre, teme que possam pegá-lo e entregá-lo às autoridades. Quando os turistas ocupam o museu no alto do morro, onde morava até então, o Fugitivo se refugia nos pântanos. Através do diário descobrimos que se trata de um escritor venezuelano condenado à prisão perpétua. Ele acredita estar na ilha (imaginária) de Villings, parte do arquipélago das Ilhas Ellice (atual Tuvalu), embora não tenha certeza. Tudo o que ele sabe com certeza é que existe uma doença estranha na ilha cujos sintomas são semelhantes aos do envenenamento por radiação.

Entre os turistas está uma mulher que todos os dias observa o pôr do sol da falésia a oeste da ilha. O Fugitivo espiona a mulher, chamada Faustine, e acaba se apaixonando por ela. Faustine é frequentemente visitada por um homem, um cientista barbudo chamado Morel, com quem fala francês. O Fugitivo decide fazer contato com ela, mas a mulher não reage à sua presença. Ele presume que ela decidiu ignorá-lo, mas seus encontros com os outros turistas são semelhantes. Ninguém na ilha nota a sua presença. Ele menciona que as conversas entre Faustine e Morel se repetem semana após semana e ele tem medo de enlouquecer.

Tão repentinamente como apareceram, os turistas desaparecem. O Fugitivo retorna ao museu e investiga, mas não encontra evidências de que pessoas viveram lá durante sua ausência. A princípio, ele atribui toda a experiência a uma alucinação causada por uma intoxicação alimentar; Porém, os turistas reaparecem naquela mesma noite. Embora pareçam surgir do nada, eles conversam como se já estivessem ali há algum tempo. O Fugitivo os observa de perto (embora evitando contato direto) e percebe outras coisas estranhas. No aquário ele encontra cópias idênticas dos peixes mortos que encontrou no dia de sua chegada. Durante um dia na piscina, ele vê turistas pulando para se aquecer, quando na verdade o calor está insuportável. No céu ele observa o fenômeno mais estranho de todos: a presença de dois sóis e duas luas.

O Fugitivo imagina todo tipo de teorias sobre o que está acontecendo na ilha, mas só descobre a verdade quando Morel revela aos turistas que vem registrando suas ações da semana anterior com uma máquina de sua invenção capaz de reproduzir a realidade. Ele afirma que a gravação irá capturar suas almas e que ao tocá-la eles poderão reviver aquela semana para sempre. Dessa forma, ele poderá passar a eternidade com a mulher que ama. Embora Morel não a nomeie, o Fugitivo tem certeza de que está falando de Faustine.

Ao ouvir que as pessoas registradas em experimentos anteriores estão mortas, um dos turistas especula (corretamente) que elas também morrerão. A reunião termina abruptamente e Morel sai furioso. O Fugitivo coleta as anotações de Morel e descobre que a máquina continua funcionando porque o vento e as marés a alimentam com energia cinética inesgotável. Ele deduz então que o fenômeno de dois sóis e duas luas ocorre quando a gravação se sobrepõe à realidade: um é o sol real e o outro representa a posição do sol no momento da gravação. As outras coisas estranhas que acontecem na ilha têm uma explicação semelhante.

O Fugitivo imagina todos os usos possíveis para a invenção de Morel, incluindo a criação de um segundo modelo para ressuscitar pessoas. Apesar disso, sente repulsa pelos “novos tipos de fotografias” que habitam a ilha, mas com o tempo aceita a sua existência como melhor que a sua. Ele aprende a operar a máquina e se insere na gravação para fazer parecer que ele e Faustine estão apaixonados, embora ela possa ter dormido com Alec e Haynes. Isso o incomoda, mas ele está confiante de que isso não fará diferença na eternidade que passarão juntos. Pelo menos ele tem certeza de que ela não é amante de Morel.

Na anotação final do diário, o Fugitivo descreve como ele espera que sua alma seja transferida para a gravação quando ele morrer. Ele pede um favor ao homem, para inventar uma máquina capaz de fundir almas baseada na invenção de Morel. Ele quer que o inventor os encontre e o deixe entrar na consciência de Faustine como um ato de misericórdia:

"Procure Faustine e eu, deixe-me entrar no céu da consciência de Faustine. Será um ato piedoso."
"Pouco com Deus é muito, muito sem Deus é nada!"