«Peritos arrasam Acordo Ortográfico
Esmagadora maioria dos linguistas, académicos e editores consultados estão contra o tratado
por Sérgio Almeida
Se a implementação do Acordo Ortográfico dependesse apenas dos resultados do processo de consulta, há muito que o projecto teria sido abandonado. Das 27 entidades contactadas, apenas duas se mostraram favoráveis.
As dúvidas e críticas severas manifestadas pelos peritos da maior parte das instituições participantes não impediram que a ratificação do Acordo seguisse o seu rumo: o tratado que visa unificar a língua portuguesa aguarda apenas a promulgação do presidente da República para tornar-se uma realidade.
Nas respostas das 14 entidades que participaram no inquérito promovido pelo Instituto Camões, abundam as críticas. Entre pedidos adicionais de informações e o desconhecimento sobre as alterações a introduzir, não faltam, também, entidades, como a Associação Portuguesa de Linguística ou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), que solicitam "a suspensão imediata do processo". Ivo Castro, responsável do Departamento de Linguística Geral e Românica, chega mesmo a questionar se o Acordo "poderá ser, com o princípio de facultatividade em que assenta, um verdadeiro instrumento de uniformização, como qualquer ortografia pretende ser".»
Os Ingleses não quiseram um acordo na Lingua deles.
Os Franceses não quiseram um acordo na Lingua deles.
Os Espanhois não quiseram um acordo na Lingua deles.
Os Portugueses ... custa demais pensar.
Não tem nada a ver com os Brasileiros ou os Portugueses terem razão, tem a ver com a evolução cultural de cada povo, por isso o Pt.bR TEVE ORIGEM no Português Europeu e se separou, talvez pq povos diferentes manifestam-se de modos diferentes.
?"O mal é aquilo que se começa a combater quando deixa de se tentar explicar." como dizia Paul Ricoeur.
A grandeza do Brasil e de Portugal é muito maior que a pequenez desse desígnio. Há muito trabalho a fazer no âmbito de uma política de língua que permita que esta não seja mais uma moeda desvalorizada. Além disso, repito pela enésima vez… é de língua que estamos a falar, embora não pareça.
Até hoje ingleses e americanos não têm uma ortografia comum – nem querem ter. Os ingleses seguem o dicionário Oxford, os americanos seguem o Webster – e os dicionários seguem os britânicos e os americanos, registrando as grafias que ocorrem e vingam na vida real.
A ortografia inglesa não faz sentido? À primeira vista, não. Mas se a escrita fosse fonética, como diferenciar “eight” de “ate”, “see” de “sea”?
E aos anos que uns e outros acentuam palavras iguais de formas diferentes, tomahto, tomato, potahto, potato. O grande Loui Armstrong já o cantou em "Let's Call the Whole Thing Off:
http://www.youtube.com/watch?v=J2oEmPP5dTM# (http://www.youtube.com/watch?v=J2oEmPP5dTM#)
Mas nas nossas mentes ng percebe isso, estão mais habituados à linguagem politica, do que a linguagem emotiva e expressiva.
A nossa língua, embora não de forma sempre igual, nasceu por volta do ano de 1100, estamos a falar de 911 anos a falar portugês. Hoje em dia já escrevemos "coisa" em vez de "cousa", "uma" em vez de "uã", mas a realidade é que seguimos a etimologia das palavras, que vieram de três origens: grego, latim erudito e latim vulgar. Porque dizemos nós "mão" e "cão" mas dizemos o seu plural de formas diferentes, "mãos" e "cães". Porque no latim erudito, que é a origem das duas palavras, "cão" vem da palavra "canis" e "mão" vem da palavra "manu", logo, "cães" tem origem em "canis" e "mãos" tem origem em "manus". É por isto, embora o exemplo não seja o mais ilucidativo, que eu sou contra o "desacordo" ortográfico, porque atropela qualquer tipo de etimologia.
É do que se trata e não de uniformizar, até porque a uniformização é uma palavra bonita mas digamos, que acham de todas as pessoas falarem igual, serem iguais, pensarem de igual modo, gostam de uniformização? Esse é um pensamento retrógrada com uma visão política, porque acho que o que queremos é sermos Seres diversificados, pensar de modos diferentes para evoluirmos, exprimirmos de modos diferentes para partilharmos com uma visão mais ampla se calhar o que o outro nunca conheceu.
Por favor, vamos argumentar em condições e defender não só a língua, mas também a nossa racionalidade, a nossa independência enquanto indivíduos, porque se formos seguir as uniformizações políticas estaremos como no livro de George Orwell ... 1984. E para quem leu essa visão utópica percebe o que a uniformização de uma língua pode traduzir-se numa ferramenta de controlo social por parte da classe política, porque de "facto", limitar o modo de expressão ou uniformizá-lo é o mesmo que limitar o pensamento. Deixo a ligação para uma excelente tese acera desse assunto, (tal como o acordo ortográfico parece ter sido retirado desse livro) intitulado:
- Language as the “Ultimate Weapon” in Nineteen Eighty-Four [http://www.sysdesign.ca/archive/berkes_1984_language.html]
Está em Inglês mas se houver pedidos tenho todo o prazer em traduzir para Português.
Espero que a minha perspectiva tenha ajudado para a compreensão do severo erro de que este acordo ortográfico é, tanto para o Povo Brasileiro como o Povo Português,porque seremos sempre irmãos de alma, e não é a língua que nos vai separar.
Francisco c.p. Vasconcelos