Como a fundação de Bill Gates se tornou a principal financiadora de experiências com OGM em África.
Nas zonas rurais do Uganda, uma plantação de milho geneticamente modificado, financiada pelo filho do bilionário Warren Buffett, pela Fundação Bill e Melinda Gates e pela Monsanto, uma empresa pertencente ao gigante agroquímico Bayer, é mantida afastada de curiosos por um sistema de alta vigilância. Nos últimos anos, o cultivo de plantas geneticamente modificadas tem vindo a desenvolver-se discretamente em África. Embora limitadas ou mesmo proibidas na Europa, em virtude do princípio da precaução em vigor, representam já 3% das terras cultivadas, ou seja, 4 milhões de hectares, contra pouco mais de 60 milhões de hectares na América Latina atual. Em Bobo-Dioulasso, a segunda maior cidade do Burkina Faso, o consórcio internacional de investigação Target Malaria foi autorizado por decreto governamental a libertar fêmeas de mosquitos geneticamente modificados. Para erradicar os dois flagelos do continente africano, a fome e o paludismo, os bilionários, liderados pelo fundador da Microsoft, Bill Gates, estão entre os principais financiadores destas experiências, sob a capa da filantropia.
Sem controlo
Esta investigação de três anos revela como a fundação de Bill Gates se tornou o principal financiador de experiências de engenharia genética em África. Em parte alimentada pelos dividendos dos seus investimentos em multinacionais do agronegócio como a Bayer/Monsanto, a sua fundação está a financiar investigação que está a ser levada a cabo sem qualquer controlo, em particular sobre genes do milho e da mandioca e sobre a modificação genética de mosquitos. O documentário destaca também o papel problemático desempenhado pela Europa. Oficialmente intransigente em relação aos OGM, devido aos riscos potenciais para a saúde e o ambiente, a União Europeia contribui, no entanto, para os fundos privados criados pelo bilionário americano para desenvolver em África o que proíbe no seu próprio território.