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Há quem diga de Alan Turing que foi o pai da computação moderna: depois de, aos 24 anos, se ter consagrado com a concepção das bases teóricas de uma máquina que fazia operações lógico-matemáticas, em 1943 o britânico liderou o projecto Colossus, um computador inglês que foi utilizado na Segunda Guerra Mundial e que utilizava símbolos perfurados em fitas de papel processados a uma velocidade de 25 mil caracteres por segundo.Com a missão de quebrar códigos alemães ultra-secretos, há quem diga que a máquina inventada por Turing - antecedente do computador - contribuiu para a vitória dos aliados na guerra.No início dos 50, e apesar de as descobertas lhe trazerem reconhecimento público, o matemático e criptoanalista britânico começou a ser perseguido pela sua homossexualidade. À data os actos homossexuais eram considerados obscenos e criminosos.Em 1952 foi julgado por actos indecentes com outro homem e impedido de continuar o seu trabalho. Foi ainda condenado a terapias à base de estrogénio, a hormona feminina, equivalente à castração química. Os tratamentos tiveram o efeito secundário humilhante de lhe fazer crescer os seios. Dois anos depois da sentença, a 8 de Junho de 1954, Turing foi encontrado morto por um empregado na sua casa em Wilmslow, no condado de Cheshire.Ontem, quase 60 anos após o suicídio do matemático com cianeto, aos 41, Turing foi perdoado postumamente pela rainha de Inglaterra e a sua condenação retirada.Até ontem, a pouco conhecida prerrogativa real de perdão só tinha sido usada em casos em que a pessoa condenada estava inocente ou perante o pedido de alguém com interesse no caso, como um membro da família do condenado. No caso de Turing, contudo, não houve familiares nem amigos a mover montanhas pelo seu bom nome.O perdão surge após uma campanha sustentada de cientistas ao longo dos últimos anos, incluindo Stephen Hawking, que entregaram ao governo uma petição com mais de 37 mil assinaturas.Anunciando o perdão, o secretário de Estado britânico da Justiça, Chris Grayling, disse que Turing "merece ser lembrado e reconhecido pela sua contribuição para os esforços de guerra. Um perdão da rainha [Isabel II] é um tributo adequado a um homem excepcional".