Autor Tópico: Vocês acham que vivemos em uma sociedade muito crítica?  (Lido 2095 vezes)

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Vocês acham que vivemos em uma sociedade muito crítica?
« em: Segunda, 24 de Outubro, 2016 - 04h19 »
Vocês acham que vivemos em uma sociedade muito crítica e que isso tem afastado umas pessoas das outras? Ou que isso acabe gerando violência e agressões nas redes sociais (internet)? Há menos tolerância e sensibilidade com a opinião dos outros?

Será que existe um equilíbrio para um ambiente saudável na internet?

Obrigado.
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Re: Vocês acham que vivemos em uma sociedade muito crítica?
« Resposta #1 em: Segunda, 24 de Outubro, 2016 - 23h01 »
É um tema complexo.
Eu faria uma pergunta em jeito de resposta: em comparação com que período da História?

O ser humano, em toda a sua complexidade, sempre foi e sempre será crítico, não aceitando, na maioria das vezes, uma crítica contrária à sua opinião ou ao seu ego. A diferença maior é que, efectivamente, a internet deu voz a "toda a gente". Hoje qualquer pessoa pode dar a sua opinião sobre qualquer coisa, nem que seja com um simples like. Não sei se isso é mau. Haverá casos em que é mau, outros muito mau, outros bom e outros muito bom. Como tudo na vida, depende da situação, do contexto que estivermos a analisar.

Podemos alegar que decorre uma banalização da crítica e que grande parte, seja ela ad hominem ou não, não é útil ou colhe frutos. O ser humano, por norma, não aceita bem a crítica. Experimentem dizer, por exemplo, que alguém falou ou disse algo errado, e verão a sua reação. Há sítios onde a crítica serve para criar uma comunidade saudável, e outros onde ela serve apenas para atingir o outro e fortalecer egos. Neste aspecto, talvez as ligações estreitas que existem hoje possam servir para nos educarmos e relativizarmos a crítica, sabendo usá-la e criando um sentido crítico sobre nós mesmos e a sociedade.
Não sei qual será o resultado desta experiência da internet massificada na psique humana das próximas décadas. É uma questão de se querer ver o copo meio cheio ou meio vazio.
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Re: Vocês acham que vivemos em uma sociedade muito crítica?
« Resposta #2 em: Terça, 25 de Outubro, 2016 - 06h59 »
É um tema complexo.
Eu faria uma pergunta em jeito de resposta: em comparação com que período da História?

Com o momento antes da internet.

O ser humano, em toda a sua complexidade, sempre foi e sempre será crítico, não aceitando, na maioria das vezes, uma crítica contrária à sua opinião ou ao seu ego. A diferença maior é que, efectivamente, a internet deu voz a "toda a gente". Hoje qualquer pessoa pode dar a sua opinião sobre qualquer coisa, nem que seja com um simples like. Não sei se isso é mau. Haverá casos em que é mau, outros muito mau, outros bom e outros muito bom. Como tudo na vida, depende da situação, do contexto que estivermos a analisar.

Podemos alegar que decorre uma banalização da crítica e que grande parte, seja ela ad hominem ou não, não é útil ou colhe frutos. O ser humano, por norma, não aceita bem a crítica. Experimentem dizer, por exemplo, que alguém falou ou disse algo errado, e verão a sua reação. Há sítios onde a crítica serve para criar uma comunidade saudável, e outros onde ela serve apenas para atingir o outro e fortalecer egos. Neste aspecto, talvez as ligações estreitas que existem hoje possam servir para nos educarmos e relativizarmos a crítica, sabendo usá-la e criando um sentido crítico sobre nós mesmos e a sociedade.
Não sei qual será o resultado desta experiência da internet massificada na psique humana das próximas décadas. É uma questão de se querer ver o copo meio cheio ou meio vazio.

Primeiro gostaria de dizer que estou falando da critica enquanto algo que inviabilize os laços sociais e não como um sinônimo de consenso universal e atemporal.

No geral, eu tenderia a ser pessimista, mas, faço uma ressalva positiva. Se formos pensar na internet, talvez não fosse um absurdo dizer, que a segregação reprimida de parte considerável da população, agora, desemboca nos sites e redes.

No geral é positivo -- principalmente se pensarmos a longo prazo. No entanto, o desafio é bastante grande no presente. Tal batalhão de pessoas, quando se juntam, acabam formando uma hegemonia, intolerantes ao contrariamento.

Com a complexificação da sociedade, cada pessoa precisa se tornar mais individualista e responsável por si. O problema, de fato reside, em não haver nenhuma contrapartida social. Não encontramos mais meios de nos reconectarmos com as pessoas. Cada vez mais, produzimos abismos maiores e intransponíveis.

O lado positivo, é que a critica estabelece um certo tipo de normatização -- mesmo que ela não faça a contenção de grandes discrepâncias em um mesmo ambiente e, mediante a qualquer instabilidade, os ambientes podem se radicalizar. Basta analisar as discussões politicas atuais.

Nos últimos dias, eu estava pensando em retomar minhas contas em outros dois fóruns, mesmo que a minha participação deva ficar bem abaixo de meses atrás. Fico um pouco desapontado em como as pessoas aparentemente não demonstram um comportamento mais 'receptivo', mais amplo, mais comunitário.

Ressalto que a condição do ser humano é realmente difícil e aos poucos descobrimos o preço e o custo-beneficio da vida, das ações. Infelizmente, estamos chegando ao ponto de pensarmos somente sob esses termos, sob o mero cálculo. Temos poucas possibilidades de fazermos diferente (?).

Formar vínculos e espaços saudáveis tem um custo infinitamente maior, do que expressar criticas, em um sistema fragmentado e de poucas possibilidades. Ou seja, mesmo em espaços de alguma igualdade, deixamos de nos arriscar, pois, o custo ainda é muito alto (seria necessário medir sempre a intenção do outro, sua posição no grupo, sua posição dentre os membros, suas necessidades, suas dificuldades, suas aspirações, sua compreensão do grupo e daqueles que o recebem, analisar mal-entendidos, más concepções, as aspirações, as vontades...). É realmente difícil. Por outro lado a critica geralmente só exige o descontentamento.

Em último caso, acredito que a critica persista e paire como algo restritamente negativo, por não termos outras opções, na nossa formação social.
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Re: Vocês acham que vivemos em uma sociedade muito crítica?
« Resposta #3 em: Terça, 25 de Outubro, 2016 - 16h55 »
Creio que a crítica só se diferencia em duas vertentes: a crítica com o intuito de se sobrepor ao outro e a crítica cujo objetivo é melhorar as condições de algo ou alguém.
É verdade que a internet é usada por milhões de pessoas que nunca tiveram voz nem acesso à informação massificada, mas, julgo, não veio criar nada de novo nas relações interpessoais. Na minha ótica, deu-nos apenas um espaço para comunicarmos e inteargirmos como e com quem quisermos. Ou seja, a vida é transposta para esse espaço, mas a um nível muito mais intenso e em aparente tempo real. O ser humano sempre se comportou desta forma gregária. Os fóruns sempre existiram, a política sempre fez parte das relações humanas e a crítica, seja ela com o intuito de criar comunidade ou simplesmente sabotá-la, também sempre esteve presente.
Todas as revoluções, e a internet é uma revolução, exigem tempo por parte da sociedade para que esta se adapte a elas. O resultado, com base na complexidade do ser humano, é imprevisível, mas julgo que existem condições para que essa individualização que vemos hoje seja utilizada pelas gerações futuras para tomar decisões mais informadas e responsáveis. Quantos milhões de associações, comunidades e fundações foram criadas em todo o mundo desde o advento da internet? O seu sucesso pode, ou não, ser quantificado, mas o impacto que teve sobre as pessoas envolvidas será sempre superior ao que haveria na ausência desta plataforma.
Claro que a ideia que temos, e que não foge à realidade, é que basta um troll para desestabilizar uma comunidade, seja ele um terrorista ou um adepto de clube de futebol adversário, mas o ser humano, como animal social que é, tenderá a evoluir ao estar mais aberto à crítica. Basta ver, para dar um exemplo extremo, de como eram as coisas antes de Gutenberg ousar imprimir a Bíblia.

Por último, se não estás satisfeito com os grupos em que estás inserido, a internet permite-te procurar outros ou até criares o teu próprio. ;)
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Re: Vocês acham que vivemos em uma sociedade muito crítica?
« Resposta #4 em: Quarta, 26 de Outubro, 2016 - 10h07 »
Concordo com sua resposta e agradeço por ressaltar pontos fundamentais, como estar aberto e disposto, quanto as criticas. Ou quanto ao ganho propiciado pela internet.

Ainda assim, acredito estarmos progressivamente deixando de nos preocuparmos com certos pontos. A preocupação com o social e com a formação social, por exemplo. Aparentemente todos as questões estão sob critica, sem que de mesmo modo haja um sentido de coesão, de agrupamento. Parece que todo o agrupamento forma um tipo de criticismo, sem que necessariamente se pense a integração ou o apoio.

Quando os comportamentos estão todos sob critica, as pessoas cada vez mais, precisam dar uma resposta individual para eles. Ou seja, é muito fácil desestabilizá-las (dada a demanda de requisições individuais).

Sobre criar novos grupos, acredito ser muito difícil -- vou tentando estabelecer alguns tópicos com os que tenho alguma identificação.

Sei que são todas questões muito complexas, mas talvez possamos assumir alguns riscos, como a precaução, confiança e o cuidado.
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