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IndieLisboa (2009)
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Tópico: IndieLisboa (2009) (Lido 2877 vezes)
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FragaCampos
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IndieLisboa (2009)
«
em:
Sexta, 24 de Abril, 2009 - 01h10 »
6ª Edição de 23 de Abril a 3 de Maio
Nota:
O Público tem 200 convites voucher para o IndieLisboa 2009
Para participar só tem de aparecer na loja Público de Lisboa no dia 23 ou no 24 de Abril com o jornal do dia.
Programa completo em pdf
aqui
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Bartolomeu Cid dos Santos - Por terras devastadas
Director: Jorge Silva Melo
Bartolomeu Cid dos Santos (1931-2008), gravador, pintor, é um dos grandes artistas do século XX. O seu é o mundo crepuscular do fim do Império, ele que criou as primeiras metáforas contra o Colonialismo Português. E que, com renovada vitalidade, se insurgiu contra a Nova Ordem Mundial. Sabendo, com Eliot, que "tempo passado e tempo futuro estão ambos presentes no tempo presente". Um retrato cúmplice do artista assinado por Jorge Silva Melo. De Manuel Hermínio Monteiro se diz neste documentário que era alguém que gostava de partilhar os seus segredos. Trás-os- Montes era um segredo, como a noite de Lisboa. A comida era um segredo, como o vinho e os charutos. Os amigos eram um segredo, como os poetas, que também eram os amigos. E os livros eram o maior segredo. Um retrato íntimo do criador da Assírio & Alvim composto pelos depoimentos dos escritores, pintores e músicos que foram alguns dos seus melhores amigos.
Birth of a City
Director: João Rosas
A primeira longa metragem de João Rosas é um documentário com uma fortíssima dimensão diarística. A viver em Londres, o realizador reflecte sobre a sua relação com essa cidade ao mesmo que documenta o trabalho de uma jovem pintora francesa – tal como ele, estrangeira a viver na capital inglesa. O quadro que ela está a pintar é também uma visão pessoal da cidade, num jogo de espelhos em que o cinema filma o trabalho da pintura. Partindo do mesmo referente – a cidade de Londres – os dois artistas produzem objectos naturalmente distintos. O filme acaba por iluminar os respectivos processos de criação no que cada um tem de mais essencial.
Critic
Director: Kleber Mendonça Filho
Ao longo de quase uma década, Kleber Mendonça Filho compilou momentos de reflexão sobre o relação entre o artista e o observador, entre o criador e o crítico. É uma velha discussão e o realizador vale-se da sua experiência nos dois lados da barricada (além de multipremiado realizador de curtas metragens é também crítico de cinema) para nos levar por um estimulante exercício que é essencialmente de debate entre duas visões distintas mas complementares. Das mais de 70 participações, entre realizadores e críticos dos EUA, Brasil e vários pontos da Europa, o realizador dá-nos as perspectivas de cineastas como Carlos Saura, Gus Van Sant, Walter Salles. O documentário abre uma janela para a nobreza de uma actividade – a da crítica – que é cada vez mais julgada pela indústria de cinema como dispensável.
From Arusha to Arusha
Director: Christophe Gargot
À luz da lei criminal internacional fundada com os julgamentos de Nuremberga, o Conselho de Segurança das Nações Unidas constituiu, em Novembro de 1994, em Arusha, Tanzânia, o Tribunal Criminal Internacional para o Ruanda. Em causa estava o genocídio no Ruanda, nesse mesmo ano e ao longo de três meses, que conduziu à morte mais de um milhão de pessoas, sobretudo tutsis, enquanto o resto do mundo assistia impavidamente. O filme mostra o trabalho diplomático levado a cabo nesse processo, focando particularmente o julgamento do general Théoneste Bagosora, reformado das Forças Armadas ruandesas e acusado principal do genocídio, cuja defesa durou mais de 12 anos. O realizador tomou parte do julgamento, como observador, em 1999, decidindo levar ao mundo – mas especialmente aos ruandeses – o misto de frustração e fascínio com o que tinha à frente.
El Olvido
Director: Heddy Honigmann
Lima é uma daquelas cidades de que ouvimos falar nos media quando há um qualquer desastre natural ou é mês de eleições. Tudo o resto ignoramos e esquecemos. Embora radicada há três décadas na Holanda, Honigmann é peruana e decidiu regressar ao seu país-natal (onde há quase vinte anos tinha filmado o extraordinário Metal y Melancolia) para lembrar as verdadeiras cores do país – as ruas, as crianças –, a corrupção, os sobreviventes aos poderes instalados, a falta de futuro. Este é um documentário para lembrar e a realizadora chamou-lhe “o esquecimento”. Vemos pessoas a transformarem-se personagens, que passam rapidamente a símbolos – Henry, por exemplo, é um miúdo que é todo um continente sem memória. A memória está intimamente ligada ao futuro; a ausência de uma torna o outro lamacento, arrastado: estão todos “imersos nessa água turva que é o Peru”, considera Honigmann. Mas essa batalha – nadando para sobreviver – está perdida para os que, na base da sociedade, vêem os seus direitos e ambições esbarrar em meras promessas eleitoralistas.
Encounters at the End of the World
Director: Werner Herzog
Como Herzog não é um cineasta superficial, aquilo que faz é tudo menos um documentário simplesmente informativo. Apesar do cineasta alemão aludir mais uma vez à probabilidade de extinção da raça humana, aquilo que procura documentar é, justamente, o Homem nos limites da sua existência.
As pessoas que vão povoando o documentário são indivíduos à procura de algo: cientistas, filósofos, artistas (mesmo quando à superfície se ocupam com profissões que pouca relação têm com este fundo de verdade), e sente-se muitas vezes que Herzog sabe que está a encontrar o seu semelhante ou, pelo menos, que está a encontrar pessoas que ali foram parar por razões semelhantes às suas.
O título desdobra-se em três significados, tal como o filme trabalha as três frentes: os intervenientes não só se encontram num fim do mundo geográfico, como também na procura dos limites da sua existência, e o mundo encontra-se provavelmente perto do fim para o ser humano.
Se, como Herzog sugere durante o filme, seres de outros planetas estudarem os nossos vestígios, esperemos que encontrem os seus filmes, para que compreendam a beleza do Homem, em todas as suas contradições, virtudes e defeitos.
Falamos de António Campos
Director: Catarina Alves Costa
Falamos de António Campos revisita o percurso de um cineasta excepcional a quem chamaram amador, um dos mais singulares realizadores portugueses pelo modo como filmou o país nas décadas de 60 e 70 do século passado. Considerado um realizador à margem, um solitário, um instintivo, António Campos representa a paixão de filmar.
Johnny Cash At Folsom Prison
Director: Bestor Cram
Esta é uma história cuja origem remonta há mais de cinco décadas: Johnny Cash assiste a Inside The Walls of Folsom Prison, um filme de 1951, enquanto serve na força aérea. O filme inspira-o a compor Folsom Prison Blues. Lançada em Dezembro de 1955; a canção é um sucesso e, em 1966, Cash vai tocá-lo à prisão de Folsom. Este documentário é sobre a segunda passagem do cantor por aquela prisão, em Janeiro de 1968. O ano era de luta, por uma sociedade mais justa. E se às vezes este conceito pode imiscuir-se com a ideia de liberdade, Cash apostava na melhoria de condições para aqueles que estavam presos. Bestor Cram põe à frente da câmara dois antigos condenados que estiveram presentes naquele espectáculo para uma comovente revisitação do momento da gravação de um dos mais míticos álbuns ao vivo do século passado.
Katastrofin aineksia
Director: John Webster
O realizador desafiou a sua família – mulher e dois filhos miúdos – a reduzir a sua “pegada ecológica”, passando um ano sem consumir objectos que derivassem do petróleo. O que se perde vai desde o mais evidente – não há carro, nem viagens de avião –, às coisas simples de todos os dias (o champô, a pasta de dentes, a maquilhagem, além da comida acondicionada em plásticos ou afins). A família Webster decidiu ir avante com o projecto, sem prescindir do seu estilo de vida suburbano. O desafio coloca em cima da mesa, de forma inteligente e com sentido de humor, uma perspectiva importante sobre o problema do aquecimento global: o que podemos fazer nós, individualmente, para nos precavermos e para ajudar a minimizar danos? Colateralmente, o documentário mostra ainda o desafio à felicidade que as preocupações ecológicas podem trazer. É que os brinquedos que os miúdos querem estão na lista dos objectos proibidos.
Kikoe
Director: Chikara Iwai
“Este é o documento de um sistema observado a partir de um ponto fixo e esse ponto é o músico Otomo Yoshihide. É um gesto, arbitrário mas perfeito, tanto quanto ligar estrelas por traços e dar nome à constelação.” É assim que o realizador de Kikoe vê o documentário que construiu sobre um dos mais relevantes compositores da música improvisada – o japonês Yoshihide. Trata-se do espelho de um livre-pensador, de um peculiar vanguardista – tanto na música como no espírito. Lembram-se dos Ground Zero? É ele o cérebro por trás do projecto. (Ele que, nascido em 1959, por alturas do liceu já construía os seus próprios gadgets electrónicos). À frente da câmara vamos encontrar, em actuações e entrevistas, músicos como John Zorn, DJ Spooky, Jan Svankmajer, Jonas Mekas, Adachi Masao, Jim O’Rourke, Keiji Haino, Bill Laswell e Fred Frith, entre muitos outros.
L'apprenti
Director: Samuel Collardey
Mathieu é um rapaz de 15 anos que vai para uma quinta, no leste de França, para aprender o ofício de agricultor. Filho de pais separados – o pai está quase completamente ausente da sua vida –, o rapaz encontra no velho dono da quinta, mais do que um tutor, antes a figura parental que não chegou a ter. A aprendizagem desenrola-se entre o estudo e o trabalho, com Mathieu num processo de desenvolvimento que o vai fazendo reflectir sobre os seus próprios dramas pessoais e familiares. Está a crescer e a perceber que governar as emoções é possível. A nota do júri da Semana Internacional da Crítica do festival de Veneza que premiou esta primeira longa metragem de Samuel Collardey destacava a “sinceridade e subtileza com que o realizador consegue, entre um olhar documental e a invenção narrativa, mostrar a verdade de uma vida simples e ao mesmo tempo profunda”, qualidades que estavam já presentes no seu anterior filme, Du soleil en hiver (Melhor Curta Metragem no IndieLisboa 2006).
L'encerclement - la démocratie dans les rets du néoliberalisme
Director: Richard Brouillette
A cultura neo-liberal chegou a todos os cantos do mundo. Disseminada em grande parte com a fragmentação da União Soviética e o final da Guerra-fria, por vezes imposta mesmo à força, por norma de acordo com os planos do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, a ideologia foi fortemente impulsionada com a fundação da Sociedade Mont Pèlerin, em 1947. Os think tanks neo-liberais, fortemente financiados por multinacionais, geraram uma vaga propagandística que vai dos media às universidades, imiscuindo-se até em governos (tanto de direita como de esquerda), tornando-a quase invulnerável – um dogma – perante a opinião pública. A base ideológica é bem conhecida e passa pela despolitização dos mercados, promovendo a ausência de regulação, deixando tudo nas mãos das classes financeiras e minimizando o papel dos Estados. O que o documentário propõe é, com a ajuda de prestigiados intelectuais dos dois lados do debate aceso sobre o neo-liberalismo, uma esclarecedora visão sobre a história e a implantação actual desta doutrina económica.
L'exil et le Royaume
Director: RAndreï Schtakleff, Jonathan le Fourn
Filmado na cidade de Calais ao longo de três anos, L’exil et le royaume é um portentoso documentário ensaístico sobre uma das questões centrais do nosso tempo: a transformação do espaço político europeu numa fortaleza fechada sobre si própria e incapaz de qualquer generosidade para com os menos favorecidos que procuram aceder clandestinamente ao seu mercado de trabalho. A dupla de realizadores mostra as condições degradantes em que esses emigrantes esperam por uma oportunidade para passar para Inglaterra e o jogo de gato e do rato entre a polícia francesa que os persegue e as associações humanitárias que procuram defender, isto perante o olhar de indiferença dos habitantes locais. Um retrato sombrio de uma França paranóica que parece ter esquecido os seus ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.
Los Herederos
Director: Eugenio Polgovsky
O trabalho infantil continua a ser uma das mais prementes preocupações sociais de todo o mundo. Em Los Herederos encontramos, no México, crianças em precárias e inquietantes condições de vida. Polgovski foi confrontado com o tema durante a rodagem do seu anterior documentário, Trópico de Cáncer, no deserto de San Luis Potosí. A situação é delicada e o realizador não pretende apontar o dedo a culpados. O que o motiva é, como disse, “resgatar a humanidade destes miúdos”. E pegou na câmara. Mas a humanidade apanhou-o a ele: crianças abandonadas, serventes, trabalhando sob o sol, horas sob o sol do México. Este confronto com a realidade mais crua conduziu-o à total depuração do filme, sem entrevistas, sem imagens de arquivo, sem voz – apenas a objectiva da câmara narrando.
Low, You May Need A Murderer
David Kleijwegt
Os Low são uma banda de culto da música indie, bem conhecidos pelos espectáculos memoráveis. Contam já década e meia de carreira e mais de duas dezenas de títulos entre álbuns, EP e registos ao vivo. Drums and Guns, o último de originais, trouxe-os a Portugal. A mesma digressão passou pelos Países Baixos e David Kleijwegt foi vê-los. Decidiu ali que tinha de fazer um documentário com eles. Viajou para os Estados Unidos (os Low são de Duluth, Minnesota) e começou a filmar. Mas se o que se esperaria seria o reincidente formato rockumentary, o realizador trouxe-nos algo de mais inesperado: Alan Sparhawk e Mimi Parker, casados, fundadores e dois terços da banda, não fazem da música prioridade e mostram-nos a sua vida familiar, o quotidiano na comunidade Mórmon a que pertencem. O resultado é um filme sobre religião, violência, consciência e loucura.
Manuel Hermínio Monteiro
André Godinho
O Hermínio gostava de partilhar os seus segredos. Trás os Montes era um segredo, como a noite de Lisboa. A comida era um segredo, como o vinho e os charutos. Os amigos eram um segredo, como os poetas, que também eram os amigos. E os livros eram o maior segredo. Desvendou-os todos na Assírio & Alvim.
Manuel Hermínio Monteiro
Werner Herzog
Aos 13 anos, Herzog dividia um apartamento com Klaus Kinski, cuja veia artística tinha algo de egocêntrico e maníaco. Do caos nasceu uma bela ainda que volátil amizade. Em 1972, Kinski protagonizou “Aguirre”. Seguir-se-iam quatro outros filmes. Herzog retrata os frequentemente violentos altos e baixos da relação dos dois, revisitando o apartamento de Munique onde se conheceram e os cenários dos filmes que fizeram juntos.
Muitos Dias tem o Mês
Margarida Leitão
Que as famílias portuguesas estão sobreendividadas temos conhecimento. Aliás, estamos avisados: gastamos mais do que aquilo que temos. Não são raras as notícias dando conta de inúmeros créditos malparados, de vidas estagnadas ou, pior, completamente asfixiadas pela sobrevivência financeira. Parece então ser quase inexplicável que os anúncios ao crédito continuem a ocupar em grande parte os espaços publicitários, das ruas aos meios de comunicação. O que propõe Muitos Dias Tem o Mês é um olhar sobre um conjunto de famílias sobreendividadas, tentando perceber que mecanismos de aquisição de crédito acabaram por os aprisionar numa espiral infindável de empréstimos para pagar empréstimos. O recurso a estes empréstimos vulgarizou-se e o consumo democratizou-se. No entanto, tudo tem um preço. É difícil ser-se mais contemporâneo que isto: os portugueses têm vida a crédito, o país parece estar à venda. Qual é o preço das nossas necessidades?
No London Today
Delphine Deloget
Calais é a cidade francesa mais próxima de Inglaterra, no ponto mais estreito do Canal da Mancha. É aí que vamos encontrar os imigrantes ilegais que tentam chegar a Inglaterra. Um deles, Abraham, sentado num banco de rua com a realizadora – que ali estava de férias – dá-lhe o título para o documentário: “hoje não há Londres”. Abraham estava à espera do anoitecer, para tentar chegar clandestinamente à ilha britânica. É então que começa esta estranha viagem, uma viagem imóvel numa Calais sem praias, sem terraços, sem lugares ao sol. A realizadora segue o dia-a-dia de Abraham e de cinco outros companheiros de infortúnio. Vindos de alguns dos países mais pobres do mundo, fazem parte do fluxo de milhares que tentam a todo o custo melhorar de vida, emigrando.
Nuno Teotónio Pereira
Joana Cunha Ferreira
Nuno Teotónio Pereira é conhecido sobretudo como arquitecto. Mas ao longo da sua vida ele foi também muitas outras coisas. Mesmo se em todas essas coisas ele nunca deixou de ser arquitecto. E se todas essas coisas reenviam sempre ao arquitecto que ele é. Este “retrato” de Nuno Teotónio Pereira por Joana Cunha Ferreira não pretende ser senão uma iniciação à sua vida e obra. Sabendo que num filme nunca cabe uma vida inteira.
O Homem que Engarrafava Nuvens
Lírio Ferreira
Compositor, advogado, deputado federal e criador da lei sobre os direitos de autor no Brasil, Humberto Teixeira é a peça central deste documentário. Acompanhamos Denise Dummont, sua filha, enquanto ela procura saber mais sobre “O Doutor do Baião” – como era apelidado. O autor de Asa branca, um clássico da canção popular, é “O Homem que Engarrafava Nuvens”, agora redescoberto por um vasto leque de artistas de primeira linha: David Byrne, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Zeca Pagodinho, Gal Costa, Bebel Gilberto, Elba Ramalho e Luiz Gonzaga, que fez dupla com Teixeira (e com sucesso) desde os anos 40. Juntos, foram dos principais responsáveis pela divulgação massiva dos ritmos nordestinos. Uma celebração do riquíssimo e diversificado património musical do Brasil.
Of Time and the City
Terence Davies
Terence Davies escreveu e realizou um documentário que é sobretudo um poema cinemático sobre a sua cidade-natal, Liverpool. O realizador britânico de Distant Voices, Still Lives montou uma bela peça auto-biográfica, que ele próprio narra para responder a uma encomenda de Liverpool, Capital Europeia da Cultura em 2008. É na década de 50 e na seguinte, de 60, que Davies se centra para mostrar, através de imagens de arquivo, a cidade da classe operária onde cresceu, temente a Deus ao mesmo tempo que descobria a sua homossexualidade. O registo varia entre o pessoal e o universal, mostrando as mudanças trazidas a Liverpool pela passagem do tempo e comentando ainda com acidez episódios da vida família real britânica e da igreja católic, combinando as imagens e a banda sonora de forma inventiva (numa sequência de um concerto de uns Beatles afónicos no The Cavern Club é Mahler que escutamos na banda-sonora).
Otroci
Vlado Škafar
O que dizem pessoas comuns em frente à câmara? É falacioso pensar-se que dizem coisas banais. A felicidade, o amor e a morte surgem como os alicerces de um filme só aparentemente simples. Vlado Skafar não se coíbe de filmar o sol sobre a face de um dos seus interlocutores – mas não é apenas um belo enquadramento que o realizador ensaia, é um quadro, um retrato falante. O esloveno não é ingénuo na sua composição e, com perguntas que pensaríamos mal direccionadas, consegue a calma necessária para conversas onde se dizem as coisas mais estranhas sobre alguns dos mais cogitados problemas da humanidade. É como se ele próprio não estivesse lá e os interlocutores enfrentassem apenas uma surda página em branco. São essa modéstia e simplicidade de meios que permitem ao realizador “esquecer-se” de 100 anos de história do cinema (ele que é cinéfilo por formação – foi um dos fundadores da cinemateca eslovena) e voltar a pensar o que um filme pode e não pode fazer.
Ruínas
Manuel Mozos
Fragmentos de espaços e tempos, restos de épocas e locais onde apenas habitam memórias e fantasmas. Vestígios de coisas sobre as quais o tempo, os elementos, a natureza, e a própria acção humana modificaram e modificam. Com o tempo tudo deixa de ser transformando-se eventualmente numa outra coisa. Lugares que deixaram de fazer sentido, de serem necessários, de estar na moda. Lugares esquecidos, obsoletos, inóspitos, vazios. Não interessa aqui explicar porque foram criados e existiram, nem as razões porque se abandonaram ou foram transformados. Apenas se promove uma ideia, talvez poética, sobre algo que foi e é parte da(s) história(s) deste País.
Soul Power
Jeffrey Levy-Hinte
Os significativos contributos da música africana para a música de outros continentes são seculares, mas apenas nas últimas décadas se estabeleceu a ligação necessária para a troca (recíproca) de conhecimentos e experiências. Com o movimento de libertação afro-americano ainda fresco, desenvolveu-se a ideia de montar um festival para juntar grandes nomes norte-americanos da soul e do r&b a conhecidos músicos africanos. A ideia foi de um sul-africano, financiada por liberianos e concretizada no Zaire, em 1974. Naquela altura, os artistas afro-americanos começavam a viajar até África para contactar com as suas raízes. O evento – que esteve para ser um espectáculo paralelo ao lendário combate de boxe entre Muhammad Ali e George Foreman – tornou-se num marco da história da música negra e do movimento black power, reunindo em palco talentos como James Brown, BB King, Celia Cruz e Miriam Makeba, entre outros. O realizador partiu do riquíssimo acervo de filmagens da preparação e realização do Zaire’74 para contar pela primeira vez toda a acidentada história desse extraordinário concerto.
South Main
Kelly Parker
As autoridades de Los Angeles decidiram, em 2004, destruir um prédio inteiro, de forma a controlarem a violência nas ruas e a expansão do crime. Vivendo abaixo do limiar da pobreza e completamente dependentes das ajudas do Estado, os habitantes do edifício aceitam a indemnização e a mudança de casa. Este é o ponto de partida que leva Kelly Parker a propor-nos, no arranque do séc. XXI, uma visita à periferia de uma das maiores e mais prósperas cidades do mundo. A realizadora acompanha a mudança de três mulheres afro-americanas, todas mães solteiras. A precariedade da vida destas mulheres salta à vista, especialmente quando o prometido subsídio não chega no prazo estipulado de 30 dias e as famílias vão deambulando entre a ingenuidade, a confusão e a mais bruta coragem. Este retrato de um iminente colapso social explica, de forma indirecta, algo sobre as razões da eleição de Barack Obama e das esperanças nele depositadas.
süden
süden
O reconhecido compositor e maestro Mauricio Kagel nasceu em Buenos Aires, em 1931. Seguindo o conselho do francês Pierre Boulez, emigra para a Alemanha, instalando-se em Colónia. Kagel visitou a Argentina apenas duas vezes desde então e com um intervalo de 35 anos. A segunda viagem aconteceu em 2006, quando o reconhecimento oficial – e tardio – no seu país natal acabou por chegar. Eis o documentário de Gaston Solnicki: registar a semana que antecede o concerto que assinalou esse comovido regresso de Kagel a Buenos Aires, acompanhando o compositor durante os ensaios e preparativos. Deste registo, emerge não só uma figura central da música contemporânea, mas também uma personalidade surpreendente, simpática, bem-humorada e com fortes ideias políticas. A despedida calorosa e inteligente de um criador e da sua arte (Kagel morreria antes da conclusão do filme).
Tyson
James Toback
Mike Tyson é já um ícone da cultura pop. A controversa e densa personalidade de “Iron Mike” é aqui retratada desde o início da sua carreira desportiva até aos seus dilemas actuais. Obscuro, íntimo, violento, cómico, absurdo, erótico, trágico e humano, Tyson é uma figura, antes de mais, marcada pelas suas raízes, tanto étnicas como de classe. O documentário serve-se de imagens de arquivo de antigos combates de boxe, entrevistas e fotografias, para ilustrar alguns dos momentos da impressionante carreira desportiva do atleta. O fascínio de James Toback por estas personagens extremas não é recente, mas o interesse na figura de Tyson resulta tanto das glórias desportivas que coleccionou como da sua, para muitos inesperada, faceta introspectiva.
Waiting for Sancho
Mark Peranson
Recentemente estreado entre nós, O Canto dos Pássaros reinventava a viagem dos três Reis Magos ao encontro de Jesus. O crítico canadiano Mark Peranson (director da revista CinemaScope) integrava o elenco desse filme de Albert Serra no papel de José. Quando não estava no plano, Peranson registou uma espécie de making of experimental da rodagem de O Canto dos Pássaros. O resultado não é a habitual e redundante explicitação do filme que lhe serve ponto de partida: é antes um corpo auto-suficiente, que mostra uma singular comunidade a levar avante um trabalho que a faz genuinamente feliz.
Young@Heart
Stephen Walker
Somos capazes de imaginar uns Sonic Youth com uma média de idades superior a 80 anos ainda em palco, a actuar? Vimos onde estava James Brown aos 73 e mais não foi possível. Pois foi mesmo pelas suas irresistíveis interpretações das canções do Padrinho da Soul e da influente banda nova-iorquina, entre outros celebridades pop/rock, que o Young at Heart Choir se tornou conhecido. A média de idades do coro é de 81 anos, o que não os impediu de já terem estado em digressão pela Europa. Stephen Walker filma a preparação de um novo reportório, a apresentar na cidade natal do coro, em Northampton, Massachusetts. Embora a idade avançada não seja encarada como uma limitação por estes cantores séniores, a morte está mesmo ao virar da esquina – o facto é incontornável para todos pois, só para ali estarem, têm de ultrapassar um conjunto assinalável de adversidades clínicas. No entanto, aconteça o que acontecer, the show must go on.
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Última modificação: Sábado, 25 de Abril, 2009 - 17h50 por FragaCampos
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Re: IndieLisboa (2009)
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Resposta #1 em:
Sexta, 24 de Abril, 2009 - 08h09 »
Era à maneira para fazer uns CAMs...
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O uptobox está em baixo e por isso todos os meus ficheiros nesse servidor estão indisponíveis!
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Re: IndieLisboa (2009)
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Resposta #2 em:
Sábado, 25 de Abril, 2009 - 17h49 »
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