Quero começar pelo fim e dizer que este é sem dúvida um dos melhores documentários que vi este ano. Felizmente tem-se visto coisas muito boas nestes últimos meses, e outras haverá que, infelizmente, nunca terei o tempo necessário para vê-las.
Bom, antes demais, devo esclarecer que não gosto de documentários onde exista uma pressão desmesurada sobre o espectador como é cada vez mais hábito, quero com isto dizer, que não gosto de tons de voz desnecessários, imagens fortes, espectáculo, fumo e sangue. Não digo que não faça passar a mensagem a alguns, mas não acredito ser o melhor método. Está provado que o ser humano quanto mais sangue e mais desgraça vir, mais dormente fica, perdendo capacidade de acção e de consciência reflectida.
Nisto, este documentário é soberbo. A simplicidade da linguagem, o tom de voz e o humor, são absolutamente deliciosos e fazem-nos rir enquanto pensamos ao mesmo tempo "Isto não tem piada nenhuma".
Com estes ingredientes que nos são dados pelo apresentador, o documentário está muito bom montado em termos sequenciais. Criando, sem alaridos, um quadro inicial facilmente inteligível que nos serve de base para o resto do programa, "Oh Canada - Our Bought and Sold Out Land" leva-nos através daquela que é a visão de cada vez mais pessoas por esse mundo fora: a de que somos controlados sem sequer nos apercebermos disso. Senti-me por vezes numa montanha russa de emoções durante as quase 2 horas que dura o documentário, sempre com boa disposição, mas pasmado como alguns dos próprios entrevistados.
O cab referiu no tópico do documentário, e passo a citar: "Este documentário podia intitular-se Oh Portugal, ou Oh Brasil, ou Oh qualquer outro país ocidental..." e não podia ser uma frase mais esclarecedora acerca do que se encontra nesta verdadeira peça de informação para as pessoas que querem perceber como e porquê a nossa sociedade ocidental (e por arrasto, o resto do mundo) chegou ao ponto a que chegou.
O único senão é apenas a qualidade sonora das entrevistas, por isso a docsPT decidiu traduzir o documentário, para que todos possam vê-lo, reflectir sobre ele e, quem sabe, divulgá-lo e debatê-lo.
Julgo que é tempo de nos deixarmos de teorias do fim do mundo, de desgraças e calamidades, porque é isso que "eles" querem que aconteça, que as pessoas andem adormecidas, amorfas e derrotadas.
Está na hora de dizer "Basta!" dentro de nós e querer fazer alguma coisa para que mais pessoas saibam dos seus direitos e que "se quiserem" podem mudar alguma coisa, mais não seja a consciência de outra pessoa, para que também ela possa ir à tona da água mais vezes.