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O Segundas Intenções do mês trouxe como convidado Juliano Garcia Pessanha. Juliano explicou que na época estava o tempo todo em conflito e que não sabia seu lugar no mundo. E que a escrita era o lugar onde ele tentava dar cidadania a essa pergunta. “Hoje eu sei que a falta do ‘Eu’ é a falta do encontro humano. Ficar vazio é uma concessão do abandono, o oco é uma dádiva do desencontro. A pessoa que escreve está tentando arranhar uma questão. E a minha questão era essa: como eu ia nascer para dentro do mundo? E por que eu ainda não tinha nascido para dentro do mundo? ”, divaga.Fã de Franz Kafka, apropriou-se do escritor de A metamorfose para dar gênese a sua voz literária. Reconhece que não tem tanta competência em narrativa, preferindo fragmentos e ensaios. Mas identificou na obra do autor tcheco pontos de contato com a sua vida e história. Na sua próxima obra, dialoga com o alemão Friedrich Nietzsche.Outro autor que ele ama é o dramaturgo polonês Witold Gombrowicz, sucesso na Europa no século XX. “Quando li a obra dele, ganhei corpo. Eu ia lendo ele e me formulando. Puxa, então eu posso existir? Eu aprendi a ler francês para ler os diários dele. Esse encontro só a literatura dá, de você ler alguma coisa e pensar que você podia ter escrito, que aquilo vai transformar a sua vida”, finalizou.Juliano nasceu em São Paulo em 1962, estudou direito e filosofia. É mestre em psicologia e doutor em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). Autor dos livros Sabedoria do nunca (1999), Ignorância do sempre (2000), Certeza do agora (2002) e Instabilidade perpétua (2009), todos reunidos na tetralogia Testemunho transiente (2015), vencedor do Prêmio Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) na categoria Literatura/Grande Prêmio da Crítica. Publicou ainda Diálogos e incorporações (2016).