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Pela primeira vez na história da Academia, o mesmo filme foi candidato, em simultâneo, aos Óscars de Documentário, Animação e Filme Internacional. E se o filme dinamarquês acabou por ser derrotado, nas três categorias, pelo documentário "Summer of Soul", pela animação "Encanto" e pelo japonês "Drive My Car", nada retira o mérito a "Flee - A Fuga" e ao seu percurso anterior.A passagem premiada pelo exclusivo Festival de Sundance, obriga-nos a olhar um pouco para esta produção que, para se concretizar, teve o concurso de nada menos do que de doze países.O filme documenta a vida de Amin, que era ainda uma criança quando chegou à Dinamarca, sozinho, vindo do Afeganistão. Hoje, aos 36 anos, e uma vida académica de sucesso, Amin está noivo do seu namorado de longa data. Mas esconde um segredo há mais de vinte anos, que começa a pôr em perigo a vida que construiu. Pela primeira vez, Amin partilha a sua história com um amigo chegado - e connosco, os espetadores do filme.O realizador, Jonas Poher Rasmussen, já experiente no documentário, quando conheceu a história de Amin Nawabi, começou por projetar um programa radiofónico, depois passou a ideia para o formato de curta-metragem e, finalmente, ao deparar-se com o potencial da história, apostou na longa-metragem, em que já trabalhara com sucesso, juntando-lhe essa outra dimensão artística que é a animação, trabalhada com o diretor de animação Kenneth Ladekjær.O filme inscreve-se, assim, numa linha de animação "para adultos", com uma componente de denúncia ou de abordagem de situações prementes na sociedade que nos envolve - a guerra, os exílios, a identidade sexual - que já esteve presente por exemplo num outro grande filme do género, "As Andorinhas de Cabul", obra ficcional baseada no romance homónimo de Yasmina Khadra.Aqui, "Flee - A Fuga" é um filme-documento. A "forma" é o que menos deve preocupar-nos. É o cinema enquanto liberdade criativa, a mesma que a personagem central desta história persegue.