Tópico: Collateral Murder (2010)

[doro_boy]

Assassinato Colateral

Página oficial

A Wikileaks, uma organização que publica documentos secretos de fontes anônimas, e que evidenciam a má conduta do governo e das corporações, publicou em 2010 um vídeo mostrando um helicóptero Apache do exército norte-americano atirando inadvertidamente contra civis no Iraque.
A organização afirma que o video, filmado do cockpit do helicóptero, mostra um ataque de metralhadora calibre 30mm em um quarteirão do subúrbio de Nova Bagdá, em Julho de 2007. O ataque resultou no assassinato de 12 pessoas, incluindo 2 jornalistas, Namir Nour El Deen, e Saeed Chmagh, recém contratados pela agência de notícias Reuters. Os pilotos teriam confundido as cameras dos jornalistas com fuzis AK-47, e o grupo em que estavam com insurgentes, abrindo fogo contra eles. Apesar de haverem individuos armados no local, eles estavam relaxados, e definitivamente não estavam engajados em combate como afirmou o relatório oficial do exército norte-americano.
Na sequencia do ataque, os helicópteros alvejaram uma van de um civil que chegou ao local e se dispôs a ajudar os feridos, matando também o homem e ferindo gravemente duas crianças que estavam no interior do veículo. As crianças foram socorridas, mas lhes foram negadas o atendimento no hospital de campanha norte-americano, onde teriam acesso a melhores recursos, sendo levadas ao hospital central de bagdá, o que impliou em um atendimento mais demorado e de pior qualidade.

Atenção!
(Contém imagens fortes)

http://www.youtube.com/watch?v=5dgKAxPbJ0w#

Código: [Selecionar]

http://www.mediafire.com/?xzexmbt7toqnqop


File Info:
File: Collateral Murder (versão integral WikiLeaks).avi
Size: 118.927.618 bytes (113 MB), duration: 00:17:46, avg.bitrate: 892 kb/s
Audio: MP3, 48.000 Hz, stereo, 128 kb/s
Video: XVID, 480x360, 29,970 fps(r)

[therocknew]

Fiquei muito impressionado com as imagens, fatos como estes me fazem pensar se a humanidade não esta a trilhar seu caminho para a "auto-destruição". O ser humano é o único animal que tem a ciência de seus autos, que incluem atitudes banais como tirar a vida de seus semelhantes, por motivos injustificáveis, sejam eles religiosos ou políticos, já que a vida e a paz deveriam vir em primeiro lugar.  Estas imagens me lembraram uma pensamento do grande Arthur C. Clarke, que em determinada entrevista foi questionado, sobre sua crença em relação a vida "extraterrena inteligente", e se esta algum dia já nos visitará, sua linha de pensamento para a pergunta foi: "Se existe vida extraterrena, podemos supor que ela é tribal, ou que se encontra em um estágio de evolução superior ao nosso, a última opção abre as portas para duas outras alternativas, se esta civilização possuir tecnologia suficiente para saber do nossa existência, talvez não seja de interesse dela fazer contato, já que a nossa "humanidade"  ainda se encontra em um processo evolutivo inicial, dado o ponto de vista deles perante ao nosso. A segunda alternativa, é que esta civilização altamente evoluída chegou a determinado estágio de evolução, e simplesmente se "auto-destruiu", por meio de conflitos internos, e em decorrência destes incidentes o fim chegou antes que pudessem descobrir outras formas de vida no cosmo."  Todos sabem que a humanidade possui poder bélico suficiente para causar a extinção em massa, e apesar da esperança que ainda habita meu coração, imagens como estas me fazem ter uma visão pessimista do mundo e de seus habitantes, onde o interesse de poucos é capaz de controlar e manipular o interesse de muitos, talvez isso seja apenas uma fase, que posso chamar de era do "individualismo terreno." Fases tendem a ficar no passado, e mudanças ocorrem para o bem ou para o mal,  e estamos chegando a uma fase crítica, qual será o destino da nossa evolução, o fim ou a renovação?

[doro_boy]

Não tenho dúvidas que estamos no caminho da autodestruição. É possível que ideais nobres como o amor, a paz, a prosperidade e o supremo valor da vida sejam um dias colocados em primeiro lugar, e que através da educação possamos formar jovens orientados para esses propósitos, que seriam capazes de realizar as transformações necessárias, a médio e longo prazo, para que possamos coexistir nesse planeta pacificamente, buscando o desenvolvimento da consciência e causando o mínimo de desequilíbrio nesse superorganismo que nós também somos. E assim, como afirmou Arthur C. Clarke, possamos ultrapassar o limiar da autodestruição.

Mas é preciso considerar as limitações dessa visão quando confrontada com a realidade da nossa situação político-econômico-social.

Nesse sentido as perspectivas não são boas. Vivemos sob o domínio de uma elite global que do topo da pirâmide escraviza a maioria através de um sistema financeiro internacional, que aprofunda as desigualdades econômicas e sociais, concentrando as riquezas nas mãos dessa miroria, matando milhões de fome todos os anos, e condenando outro bilhão à vida na miséria. Uma escravidão baseada numa dívida impagável e exponencialmente crescente, e que persegue um crescimento infinito num planeta finito e que já apresenta sinais de esgotamento. Um sistema regido pela ideologia do neoliberalismo, que se manifestava em toda sua crueldade como "capitalismo selvagem" nos países ditos de terceiro mundo (e que ainda hoje explora as economias emergentes através de multinacionais e privatizações de bens públicos estratégicos), mas que agora ameaça populações de países como os EUA, Grécia, Portugal e etc. Uma ditadura do pensamento que cada vez mais nos tira a liberdade em troca da "segurança", que nos envenena com substâncias químicas sobre as quais não temos nenhum controle, através dos alimentos e da própria água.
Nesse sentido nós, a classe média, também somos responsáveis por essa situação, nós que nos orgulhamos do ápice da nossa civilização, da tecnologia e do controle que impomos à natureza através da bioengenharia genética por exemplo. Nós, que buscamos todos os dias nosso sustento nesse sistema, para nos matermos confortavelmente, e podemos consumir produtos que a midia nos faz acreditar que são maravilhas indispensáveis, como o mais novo modelo de celular ou de computador.

Precisamos entender que a história da nossa civilização nos últimos 150 anos é uma expressão do descobrimento, extração e uso do petróleo, dos hidrocarbonetos e seus derivados, que estão presentes em todos os aspectos da nossa vida. E que essa era de "prosperidade" baseada no petróleo está inevitavelmente condenada ao fim. Vivemos atualmente o "pico do petróleo", ponto máximo de extração dessa matéria prima, e que se caracteriza por uma situação onde será progessivamente mais difícil e caro extrair o óleo cru, até que o total de energia gasta nos processos de extração e refino será igual à energia fornecida, o que tornará a prática economicamente inviável.

Em relação ao meio-ambiente, estamos vivendo o que o cientistas, segundo relatórios oficiais da ONU, consideram a 6ª extinção em massa do nosso planeta, a primeira causada por uma espécie em particular, no caso a nossa. Segundo esses relatórios centenas de espécies (para ser moderado, já que outras fontes falam em milhares) estão sendo extintas todos os anos, algumas que não chegaram mesmo a serem descobertas e classificadas. Pressionados pelo avanço do homem sobre o que ainda resta de florestas e vegetação selvagens, ecossistemas inteiros são agredidos e desequilibrados de maneira irresponsável pela atividade humana, geralmente movida por questões econômicas de exploração de recursos.
Já os oceanos apresentam os mesmos indícios registrados na última grande extinção, ocorrida há 65 milhões de anos e que dizimou o dinossauros. O aumento da concentração do CO2 nos oceanos, a redução dos níveis de oxigêno, o aumento da temperatura, e o aumento do ph da água, ou acidificação. Somado à pesca industrial, esses fatores projetam uma sombra sobre os ecossistemas marinhos como um todo, já que estes formam um rede que se prolonga para além dos oceanos, envolvendo passáros marinhos e animais que vivem nas costas. Pesquisas afirmam que se o ritmo prosseguir, existe a possibilidade de um colapso na biodiversidade marinha nos próximos 40 anos.

Tudo isso e muito mais me levam a crer em alguns momentos que não existe possibilidade de um reequilíbrio, ou reorientação em direção aos valores da Natureza, por fins pacíficos ou democráticos. Mas ainda tenho esperanças (é impossível deixar de tê-la), e acredito na necessidade de que cada um tome parte dos problemas como na realidade eles dizem respeito a todos. Que façamos da educação, e do compartilhamento de informações necessárias para a tomada de consciência por parte daqueles que estão próximos a nós uma tarefa de tempo integral, uma missão da qual não podemos nos esquivar, ou delegar a terceiros. Tendo consciência que esse trabalho, e a transformação resultante dele, é essêncial para a nosso futuro enquanto espécie, a habitar esse planeta que vai continuar a existir como superoganismo em sua abundância de vida independente de nós.

[doro_boy]

Em relação ao vídeo, mais uma vez gostaria de honrar a memória de Bradley Manning, divulgando algumas páginas (todas em inglês, já que infelizmente ainda não existem em português) que defendem a libertação desse herói e o fim do regime que inflinge as mais variadas torturas físicas e psicológicas, e que já se prolonga por quase 2 anos.

http://www.bradleymanning.org/

http://iam.bradleymanning.org/

http://www.freebradley.org/

Segue também o video da campanha "I am Bradley Manning":

http://www.youtube.com/watch?v=o-P3OXML00s#ws

[FPMMG]

Valeu mesmo amigo!!! 

[therocknew]

Dissertação perfeita doro_boy. Entrou no âmago da questão. Minha reflexão foi limitada a circunferência da psique-humana, porém você estendeu o assunto a áreas que não estavam dentro da minha perspectiva.  Parafraseando suas palavras: " O Planeta vai continuar a ser um superoganismo em sua abundância de vida independente de nós." Ou seja, só estamos acelerando um ciclo, pois o planeta é um ser vivo, e como tal, se renova. Como diz Lavoisier "nada se cria, nada se perde, tudo se transforma." Estamos a degenerar o planeta, para uma próxima fase, que talvez não seja escrita por nós humanos, seres inteligentes, mas em nada sábios.   

[FragaCampos]

Não sei se é uma dissertação perfeita, mas é certamente muito lúcida.
Pessoalmente, faz-me bem ler coisas assim, com nexo, com simplicidade e bem estruturadas, abrangendo vários temas e ligando-os num quadro maior e global. Só por si, não serve para mudar o mundo, mas é o primeiro passo para começar a fazê-lo. Ter consciência dos problemas e da sua magnitude é essencial para tentar, no mínimo, alterar o estado de coisas. Uma mente como a do doro_boy, que facilmente vê padrões e constrói mosaicos a partir de peças menores, tem a particularidade de estar treinada para organizar ideias e dar-lhes sentido. Este texto é um exemplo disso mesmo.

[charlesleg]

Ainda não baixei, mas vendo pelas fotos é o mesmo que contêm no Doc ''The War You Don't See'' (A Guerra Que Você Não Vê)...Tbm ótimo Doc.
Obrigado.

[doro_boy]

Obrigado pelas palavras Fraga.