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Desde os anos 90, vários foram os estudos psicanalíticos que procuraram fazer um diagnóstico das sociedades de consumo utilizando-se da categoria clínica de perversão. A função da afirmação das fantasias como elemento de reconhecimento social, o enfraquecimento dos discursos repressivos em prol de necessidade econômica de afirmação individual do gozo, a pretensa descartabilidade das relações afetivas: todos estes "sintomas" seriam evidência de que nossas sociedades de consumo tenderiam a se organizar a partir de uma lógica de generalização não-problemática de comportamentos perversos. Mas este seria realmente um bom diagnóstico social? Em que tal diagnóstico apenas atualiza a crítica moral ao hedonismo e ao individualismo?Vladimir Safatle é professor livre docente do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo. Foi professor visitante das Universidades de Paris VII , Paris VIII, Toulouse e Louvain, além de responsável de seminário no Collège International de Philosophie (Paris). Ele desenvolve pesquisas nas áreas de: epistemologia da psicanálise e da psicologia, desdobramentos da tradição dialética hegeliana na filosofia do século XX e filosofia da música. É um dos coordenadores da International Society of Psychoanalysis and Philosophy.