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Netyon

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DocLisboa rompe com RTP e anuncia parceria com o Museu Reina Sofia
« em: Quinta, 16 de Julho, 2009 - 14h51 »
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O DocLisboa pôs fim ao apoio que recebia até agora da RTP, considerando, nas palavras do seu director, Sérgio Tréfaut, que estar associado a "um serviço público de televisão que não o é" se tornou "indecoroso" para o festival.

Numa conferência de imprensa na Culturgest, em Lisboa, quarta-feira, onde deu conta de parte da programação da sétima edição do festival, que se realiza entre 15 e 25 de Outubro, Tréfaut anunciou que a Apordoc, a associação responsável pela organização do DocLisboa, decidiu "romper" por sua iniciativa "a parceria de alguns anos" que mantinha com a RTP - que se traduzia no financiamento do prémio de uma secção intitulada Investigações, no valor de cinco mil euros, e na transmissão de spots publicitários de divulgação do festival - por não partilharem "das mesmas ideias".

O director do DocLisboa acusa a televisão pública de estar "de costas voltadas para o cinema e para o documentário", apesar de se reclamar como uma das estações que exibe mais documentário na Europa. Comparado com outras estações públicas europeias, que incluem mais horas de documentário na sua programação, as "declarações" da direcção da RTP são "inverdades", diz.

E foi o momento TV Guia da conferência de imprensa: Tréfaut abriu as páginas de programação televisiva daquela revista e percorreu a grelha da RTP2 dia-a-dia, constatando que ela exibe um programa National Geographic todas as noites - "que são enlatados de baixo custo, não são aquilo que nós consideramos documentário" - e, ao domingo, um documentário.

Interrogado pelo P2 sobre o que levou o DocLisboa a prescindir de um apoio por razões que não têm directamente a ver com o festival ou com o apoio em si, Tréfaut defendeu que o festival "tem uma função social importante" e que "é um lugar onde se valoriza o documentário por excelência".

Jonas Mekas, finalmente por cá


Ao mesmo tempo que anunciava o fim de uma parceria, o director do DocLisboa revelou o começo de outra, com o Reina Sofia, o prestigiado museu espanhol de arte moderna e contemporânea, que convidou o festival a apresentar um best of em Madrid no próximo ano. Em Outubro, o DocLisboa irá mostrar uma retrospectiva da obra de Jonas Mekas, com a presença do realizador, co-organizada com aquele museu.

Nome histórico do cinema experimental e independente norte-americano, ainda activo aos 86 anos, Mekas é sobretudo conhecido pelos seus filmes em registo de diário livre, não narrativo, que tomaram o pulso à cena criativa do downtown nova-iorquino nos anos 60 e retrataram a beautiful people da época, da geração Andy Warhol à família Kennedy.

Augusto M. Seabra, programador associado do DocLisboa, sublinhou o facto de esta ser a primeira retrospectiva do cineasta em Portugal. A Cinemateca Portuguesa já tentara programar uma, com a presença do realizador, que nunca se concretizou. Mekas virá a Lisboa, onde fará uma masterclass a partir de excertos da sua obra, e estará presente nas sessões dos seus filmes. O realizador de origem lituana concluiu este ano dois filmes, que o festival irá mostrar: o autobiográfico Lithuania and the Collapse of the USSR, de quase sete horas, e um documentário sobre Martin Scorsese.

Filmes portugueses crescem

Este ano o festival registou um recorde de candidaturas, cerca de 1300 filmes, e "um crescimento no número de filmes portugueses, em grande parte autofinanciados", segundo Tréfaut, mas a competição só estará fechada na primeira semana de Setembro. Entre as restantes secções, está programado um ciclo de filmes Balcãs em Foco, dedicado à cinematografia da ex-Jugoslávia, "para tentar reflectir algo que era um país há 17 anos e hoje são sete", disse o director, adiantando que "não é apenas Kusturica". Também anunciou uma secção sobre futebol e documentário, com a intenção expressa de "atrair novos públicos" e os regressos de cineastas que já passaram pelo DocLisboa em edições anteriores, como o palestiniano Elia Suleiman e o francês Nicolas Philibert, o autor do documentário Ser e Ter, que irão mostrar os seus filmes mais recentes - respectivamente, The Time That Remains, e Nenette, este último em estreia europeia.

Outras novidades desta edição: a criação de um terceiro prémio de competição - além das categorias longa-metragem (filmes com mais de 60 minutos) e curta-metragem (até 30 minutos), o festival terá, a partir de agora, um prémio para médias-metragens (entre os 30 e os 60 minutos); e o aumento do prémio de melhor primeira obra na competição internacional, de 5000 para 7500 euros.

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Re: DocLisboa rompe com RTP e anuncia parceria com o Museu Reina Sofia
« Resposta #1 em: Domingo, 19 de Julho, 2009 - 07h06 »
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"um serviço público de televisão que não o é" se tornou "indecoroso" para o festival.

Ás vezes não o é, mesmo assim, ainda nos vai presenteando com algumas surpresas boas  :roll: