Autor Tópico: Mas será que é possível? (ou o Novo Acordo Ortográfico)  (Lido 16997 vezes)

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Madeira

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Mas será que é possível? (ou o Novo Acordo Ortográfico)
« em: Sábado, 24 de Novembro, 2007 - 17h05 »
Já ouviram falar disto: http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=307437&visual=26  ?   :eek: :cry: :rant:

Eu só ouvi hoje (oje) e fiquei boquiaberto.  :oh:  :eek:



Então mas será que eu tenho que abdicar de 1,6% da minha Língua Materna para que esta fique "Uniformizada" com as dos países onde a levámos e que depois aí sofreram uma evolução diferente da nossa? Mas será que isto tem alguma lógica na cabeça de alguém? Se isto tivesse mesmo que ir para a frente e se houvesse (ai esperem se calhar tenho que escrever "ouvesse" Sad ) algo de proveitoso a retirar desta uniformização, porque não deveriam ser os outros países aos quais levámos a nossa língua a adoptá-la (adotá-la) na integra?

Será que em Inglaterra, penso eu, o berço da Língua Inglesa, também é possível acontecer algo do género em relação aos países que adoptaram (ooops. adotaram Sad . Há medida que começo a ver as palavras que virão a ser alteradas ainda começo a ficar mais estupefacto.) o seu idioma? Tipo passar "hello" a "ello", "hell" a "ell". Isto se se verificasse que acontecia noutros países, está claro. Não tenho conhecimento que se escrevam essas palavras desse modo em algum país, mas por certo têm diferenças entre si. Quem fala dos ingleses, fala dos espanhóis, holandeses (lá estou eu, "olandeses", alemães e por aí em diante.

E porque carga de água não foi pedido a opinião pública sobre este assunto? Será por o governo brasileiro estar desejoso que este acordo seja "finalmente" posto em prática no final do ano - pudera, só verão cerca de 0,45% do seu vocabulário modificado - devido a algo que nos tenham oferecido em troca? Não me admiro nada...
Afinal parece que vivemos no mundo dos favorzinhos, especialmente se estes não afectarem (afetarem) os seus autores, mas as pessoas que representam, neste caso apagando todo um passado linguístico que é urgente preservar.

Em suma, bem sei que o Brasil é bem maior que nós e mais poderoso, mas será que temos que ser nós a abdicar de parte do nosso vocabulário.
Parece que estamos a assistir a uma "colonização inversa".  :rant:

P.S. Espero que não pensem com isto que tenho algo contra os países de Língua Portuguesa. Tenho tudo a favor, e não quero de modo algum comparar as colonizações que foram feitas, com a que referi em cima. Talvez se possam comparar numa escala de 1000:1, mas não deixa de ser possível comparar. O mais forte leva vantagem sobre o mais frágil. Enfim... é o mundo em que vivemos.  :nah:

Deixo-vos alguns exemplos pelo que eu depreendi:

" Os portugueses deixarão, por exemplo, de escrever «húmido» para usar a nova ortografia - «úmido».
Desaparecem também da actual grafia em Portugal o «c» e o «p» nas palavras em que estas letras não são pronunciadas, como em «acção», «acto», «baptismo» e «óptimo»."
"Passará a escrever-se: creem, leem, deem e veem."
"Com a incorporação do «k», «w» e «y», o alfabeto deixará de ter 23 letras para ter 26."

Vai ser bonito vai.  :cry:
Já estive a ver se vou dando uns toques, para me ir habituando (abituando. Esta não me passou despercebida. :no: )

Assinem todos a petição...
Todos os que tiverem de acordo, claro.  :<)
« Última modificação: Sexta, 11 de Abril, 2008 - 17h44 por FragaCampos »
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kirin

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Re: Mas será que é possível?
« Resposta #1 em: Sábado, 24 de Novembro, 2007 - 17h20 »
E pronto... acabei de apagar o tópico em que falei disto 5 minutos depois de ti...  :tongue:

Para não estar a voltar a pensar no assunto, fica aqui o conteúdo do outro:
Citar
A intenção já não é nova e mesmo a notícia já tem umas semanas, mas acho que merece uma discussão.

Notícia 1
Notícia 2

De uma forma resumida, pretende-se harmonizar a grafia nos vários países de língua portuguesa. Apesar de me parecer haver algumas mudanças benéficas, como a introdução das letras k, w e y no alfabeto, sou da opinião que se arranjou uma solução para a qual não havia um problema... :hmmm:

Pessoalmente, acho que a língua é um dos muitos elementos identificativos de um região, e parece-me um erro tentar harmonizá-la por decreto. Se um português é diferente de um brasileiro, porque hão-de escrever da mesma forma? Não terá havido uma razão para cada divergência na grafia? Não estará isto ao nível de uma qualquer proposta de abolição do mirandês? Ou da proibição de dialectos regionais? Resumindo, acho que a língua é, acima de tudo, um conjunto de normas que as pessoas definiram para comunicar entre si. Desta forma, não me parece que a manutenção dessas normas deva ser definida à força por um conjunto de governantes. Por que razão me posso pronunciar sobre quem dirige a minha Junta de Freguesia ou quem representa o meu país no estrangeiro, mas não tenho qualquer palavra a dizer acerca do modo como falo ou escrevo?

Porque havemos de adoptar as influências que o português do Brasil teve dos imigrantes italianos ou alemães, ou do contactos com falantes de castelhano no Sul? E ao contrário, porque têm os brasileiros que adoptar influências que o português de Portugal teve dos galegos? E se a grafia portuguesa ainda revela a influência da multitude de povos que por cá passaram, que importância tem isso na história de Timor ou Cabo Verde para terem que mudar a sua língua devido a isto?

Provavelmente haverá muitas opiniões contrárias, mas por alguma a secção se chama "de Debate"... Venham elas  :cool:
De resto, acho que focaste o ponto essencial: "o Brasil é bem maior que nós e mais poderoso"  :...:

Madeira

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Re: Mas será que é possível?
« Resposta #2 em: Sábado, 24 de Novembro, 2007 - 17h31 »
Estava a achar estranho não conseguir postar uma resposta ao teu post...  :tth:

Foi mesmo coincidência... ou não!  ;)


Ooops... Esqueci-me foi de deixar o link da petição:
http://www.petitiononline.com/naoacord/    :doh:
« Última modificação: Sábado, 24 de Novembro, 2007 - 17h32 por Madeira »
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Netyon

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Re: Mas será que é possível?
« Resposta #3 em: Sábado, 24 de Novembro, 2007 - 18h12 »
Agora o pessoal já vai ter desculpa para os erros ortográficos na escola.  :lol: :x:

Que confusão que vai ser daqui para a frente... :cry:

kirin

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Re: Mas será que é possível?
« Resposta #4 em: Sábado, 24 de Novembro, 2007 - 18h45 »
Ainda não vi muitas referências aos aspectos económicos, mas até me custa imaginar o preço que terá uma coisa destas: todos os dicionários obsoletos do dia para a noite; gramáticas; manuais escolares; novas edições de qualquer livro; formações para qualquer pessoa que escreva ou reveja seja o que for; formação de professores; reescrita de qualquer legislação, incluindo a reformulação da constituição; substituição de documentos; adaptação de software; reescrita de sites; alteração de fachadas; etc, etc, etc...

ah... e novas versões das nossas legendas  :assob:
« Última modificação: Sábado, 24 de Novembro, 2007 - 18h47 por kirin »

FragaCampos

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Re: Mas será que é possível?
« Resposta #5 em: Sábado, 24 de Novembro, 2007 - 18h49 »
Este não é um assunto novo. Já tem décadas. Dá-me a impressão que todo este tempo espelha a incapacidade e falta de vontade política dos responsáveis nesta matéria. Parece que a preocupação é "unificar" uma língua, que por si só é provavelmente a mais rica do mundo, para competir com as outras línguas, o inglês, o espanhol, o mandarim e provavelmente o francês. Queremos tanto ser como os outros que abdicamos de toda a beleza que reside na diferença. Reparem que nisto não está implícito um repúdio por Brasileiros, Angolanos, Moçambicanos e todos os falantes de língua portuguesa. pelo contrário, todos os países de expressão portuguesa têm uma riqueza de linguagem que não pode, nem deve, ser atropelada por decreto. Perder toda a diversidade linguística para uniformizar em prol do progresso e, quem sabe, só porque sim, é um golpe violento num pilar tão importante como a língua de um povo.
Não sei que género de alterações serão propostas, mas o que mais me preocupa é que depois de tantos anos na gaveta, este assunto venha agora ser tratado à revelia das pessoas.
A língua de um povo é o bem mais precioso da sua cultura, é o que o distingue, é o que faz de nós Portugueses. Só no Brasil, em Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste, existem dezenas e dezenas de idiomas e dialectos. Milhares e milhares de pessoas que nunca ouviram sequer falar português. E é essa a riqueza deles, milhares de anos de história e cultura que correm o risco de desaparecer com a uniformização da linguagem a nível global. Poder-se-ia dizer: "É consequência inevitável da globalização".
Eu diria que o dinheiro e a ganância se podem globalizar, mas a cultura e a língua, é o que nos liga às nossas raízes e à nossa essência.

Para terem uma ideia da importância deste assunto, veio uma pequena notícia na edição da National Geographic deste mês, que fala exactamente sobre este tema.
No topo da página diz:
"Um mundo que perdeu a língua. Quase todas as quinzenas morre mais uma linguagem, levando consigo milénios de história e de conhecimento humano".

Deixo o link para a página do Enduring Voices, um projecto apoiado pela National Geographic Society.
:arrow: http://www.nationalgeographic.com/mission/enduringvoices/
« Última modificação: Sábado, 24 de Novembro, 2007 - 18h51 por FragaCampos »
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Re: Mas será que é possível?
« Resposta #6 em: Segunda, 26 de Novembro, 2007 - 20h43 »
Aconselho a leitura do seguinte artigo:
:arrow: http://www.ciberduvidas.sapo.pt/idioma.php
« Última modificação: Quinta, 17 de Janeiro, 2008 - 00h52 por cab »
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Re: Mas será que é possível?
« Resposta #7 em: Terça, 27 de Novembro, 2007 - 08h53 »
Embora tenha o mérito de explicar com algum detalhe as alterações efectuadas, parece-me que esse artigo demonstra tudo o que, no meu entender, tem de errado todo este processo. Quando leio o texto, vejo as certezas absolutas de um dos supostos iluminados que decidiu efectuar alterações à língua à revelia e à margem de quem a usa, e depois a dá a conhecer de uma forma absolutamente demagógica.

Ao contrário do que é dito, o debate não existe desde 1990. O que existe desde 1990 é uma proposta que nunca foi lançada a debate. Mesmo que consideremos debate as poucas intervenções feitas nesse sentido, aquelas de que me lembro são críticas à proposta. E sendo um texto elaborado essencialmente por Portugal e Brasil, acho significativo que só um (e mais tarde um outro) dos outros cinco países em causa o tenha ratificado.

Depois, por muito que goste do Brasil, causa-me uma certa confusão ver uma proposta destas justificada com frases como:
Citar
o Brasil, essa impressionante potência do futuro
Citar
uma língua unificada (...) é fundamental para uma grande potência
Citar
O nosso filho, e nosso orgulho
Citar
(Que o Brasil) a ame e não queira outra já é motivo de grande contentamento para os portugueses

Será que a melhor justificação para alterarem à língua vem do crescimento económico de um dos países que a usa? E o Brasil agora é meu filho e meu orgulho? Não me lembro disso... Eu até nunca lá fui...
Estará a opinião do Madeira a tornar-se a explicação oficial? :cry:
« Última modificação: Terça, 27 de Novembro, 2007 - 16h28 por kirin »

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Re: Mas será que é possível?
« Resposta #8 em: Terça, 27 de Novembro, 2007 - 16h19 »
Pelo que tenho lido nos últimos tempos aqui e ali, quer-me parecer que as alterações (os tais 1, qualquer-coisa % em relação a Portugal) não são significativas e algumas não me aquecem nem me arrefecem. Ontem no Público dizia que a língua só tem a ganhar com o aproximar da fonética com a grafia. Mas não dizem o que implica esse simples aproximar na nossa língua. "Aproximar", por exemplo. Ou mesmo a palavra "exemplo". Vamos passar a escrevê-las aprocimar e ezemplo? Sei que parece um pouco estúpido, mas é o que depreendo das palavras dos intelectuais na matéria.
Não sou contra mudanças, nem alterações, quando estas são baseadas em motivos claros e bem intencionados.
Acho que o kirin referiu um ponto nevrálgico de toda esta discussão. Todo este processo se vem a arrastar desde 1990, mas daí até ter havido um debate público vai uma diferença abismal.

Depois há a sempre omnipresente vertente política das coisas. São Tomé e Príncipe e Cabo Verde, que ratificaram o tratado com o Brasil, essa "grande potência do futuro", obrigando à aplicação do acordo, fazem parte da CPLP, e devem ser respeitados. Embora me pareça que vão um pouco "a reboque" da vontade brasileira, a questão também se coloca em termos económicos. Embora eu ache que as editoras tenham vistas curtas em relação ao argumento com que acenam, dizendo que o custo da alteração dos manuais, livros, dicionários, etc. será enorme, pois o dinheiro que fariam ao repor todas essas novas páginas no mercado talvez não fosse mau para os seus cofres. A questão prende-se com "o sucesso obtido pelas editores portuguesas em Angola e Moçambique"... ou seja, têm receio de perder o freguês para as próprias editoras angolanas e moçambicanas, ou brasileiras... aqui imperará as leis de cada país. Mas mesmo a oposição das editoras não lhes é favorável, umas vez que caso Portugal se visse sozinho neste processo, ficando com uma ortografia sua e orgulhosamente só, elas passariam a vender apenas no seu "quintal".

As letras k, w e y serão (re)introduzidas no nosso vocabulário, mais uma importação estrangeira, que no meu entender vem contaminar a beleza da nossa língua. No início do século passado, pessoas houve que se opuseram à abolição de palavras como pharmacia, telephonico, commércio ou cryptographico e provavelmente a muitas outras alterações que foram introduzidas na altura. Parece que numa das cimeiras da CPLP foram exigidos dois textos de resolução final, ambos na mesma língua, e argumenta-se que é contra estes exemplos que o acordo serve, agilizar processos, unificar a língua para facilitar trocas comerciais, intercâmbios universitários, educacionais e profissionais.
Sempre em prol da vontade dos que mais se fazem ouvir e da globalização. Fala-se em reduzir as diferenças entre os países lusófonos, mas eu entendo que a piada de mau gosto em relação à língua do outro, não pode sobrepor-se à riqueza da língua falada em cada região.

Penso que é uma inevitabilidade, a que todos nós nos teremos de (h)abituar. Mais tarde ou mais cedo o Acordo Ortográfico será aprovado por todos. Resta saber se na prática os resultados serão os mesmos que em 1931 e 1945. A ver vamos, como diz o cego.
« Última modificação: Terça, 27 de Novembro, 2007 - 16h21 por FragaCampos »
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Re: Mas será que é possível?
« Resposta #9 em: Terça, 27 de Novembro, 2007 - 22h26 »
Estive atentamente a seguir esta discussão e esperei pelo momento em que as posições expostas não estivessem tão extremadas. Dito isto, compreendo o porquê de instintivamente nos opormos a algo a que chamamos "mudança". Mudança de (h)ábitos, de formas, de ritmo, mas se não (h)ouverem mudanças tudo o que gira à nossa volta estagna. As alterações à forma como escrevemos o português de Portugal? Acho isso de somenos importância porque se não tivermos uma língua forte e bem unificada entre todos os falantes do português arriscamo-nos a daqui umas décadas a língua principal em Portugal ser o inglês  :blink: . Num mundo que gira à velocidade dos mercados comuns, dos interesses comuns, dos desejos comuns, só os fortes terão capacidade para sobreviver nesse mesmo mundo em que a força, do dinheiro, do número de habitantes, do número de falantes, ditarão as prioridades (Ou seja, dos interesses dos mais fortes). 
Pessoalmente prefiro perder uma virgula "e não sei quantos e tal" por cento da forma como escrevo a minha língua materna a ter de assistir a uma completa britanização da língua dos meus filhos e netos.

Por mim, venham os "K", os "Y", os "W", desde que não venha o que realmente não é nosso, o inglês.
O conhecimento governará sempre a ignorância...

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Re: Mas será que é possível?
« Resposta #10 em: Quarta, 28 de Novembro, 2007 - 09h18 »
É estranho concordar com alguém que parece ter a opinião contrária, mas agora aconteceu-me isso contigo. :tongue:

Ao contrário do que possa parecer pelos posts que fiz, o meu principal problema não é com as alterações efectuadas, mas com o modo como o processo decorreu.

Quanto à britanização da língua, estamos perfeitamente de acordo. O que me parece é que o facto de uns escreverem "úmido" e outros "húmido" não coloca isso em perigo (naturalmente, posso estar enganado...). Acima de tudo, gostaria que os linguistas que estiveram nos últimos anos a trabalhar nisto tivessem antes estado a não deixar morrer a língua, achando que não valia a pena estar a traduzir a miríade de termos ingleses que hoje usamos em áreas como a informática, o design ou o marketing.

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Re: Mas será que é possível?
« Resposta #11 em: Quarta, 28 de Novembro, 2007 - 13h32 »
É estranho concordar com alguém que parece ter a opinião contrária, mas agora aconteceu-me isso contigo. :tongue:

É normal porque raramente uma situação tem apenas uma forma de ser analisada positiva ou negativamente, e esta não fugia a essa "quase regra".

Ao contrário do que possa parecer pelos posts que fiz, o meu principal problema não é com as alterações efectuadas, mas com o modo como o processo decorreu.

Acho que esta alteração já devia estar em vigor à tempos para dar mais vigor à lingua portuguesa no seu geral. Depois de se iniciar um processo de alteração destes (pensando no global dos falantes de português) é esperar que não estagne apenas neste "uma vírgula e não sei quantos e tal por cento" para que o português possa evoluir para uma lingua competitiva, porque infelizmente a sociedade em que vivemos exige competição em todos os campos dela, e o bom senso cada vez tem menos espaço para se movimentar.

Quanto à britanização da língua, estamos perfeitamente de acordo. O que me parece é que o facto de uns escreverem "úmido" e outros "húmido" não coloca isso em perigo (naturalmente, posso estar enganado...). Acima de tudo, gostaria que os linguistas que estiveram nos últimos anos a trabalhar nisto tivessem antes estado a não deixar morrer a língua, achando que não valia a pena estar a traduzir a miríade de termos ingleses que hoje usamos em áreas como a informática, o design ou o marketing.

Nem mais, era exactamente isso que me referia. Novamente: Que venham os "K", os "Y", os "W" mas que não venha o que realmente não é nosso, o inglês.
O conhecimento governará sempre a ignorância...

Madeira

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Re: Mas será que é possível?
« Resposta #12 em: Quarta, 28 de Novembro, 2007 - 23h21 »
Bem primeiro de tudo gostava de frisar aqui que não sou nenhum extremista, e não o digam assim em público, senão qualquer dia tenho a brigada anti-terrorista cá à porta.  :tth:
Agora se me compararem aos extremistas islâmicos que provocaram o 11 de Setembro, já não me importo tanto, uma vez que eles não tiveram nada a ver com isso, pelo menos não da forma que os "americanos" nos querem fazer crer.  :assob:
Bem, depois deste pequeno à parte (brincadeira/verdade), aqui fica o meu parecer sobre algumas das coisas que têm sido ditas.

Ora bem começando pelo fim...  :evil:

Citar
Nem mais, era exactamente isso que me referia. Novamente: Que venham os "K", os "Y", os "W" mas que não venha o que realmente não é nosso, o inglês.

Não entendo muito bem o que pretendes dizer... Se cada vez mais introduzimos mais palavras inglesas no nosso vocabulário, no que é que a introdução dessas letras estrangeiras - pelos vistos só até daqui a uns dias - vão diminuir esse facto. Não será precisamente o contrário? Dizes que venham os "K", os "Y", os "W", mas que não venha o inglês... Sinceramente parece-me um contra-censo. Pode não vir o inglês, mas com a existência dessas letras no vocabulário, ou muito me engano, ou vamos adoptar cada vês mais palavras estrangeiras, como alemãs, bem chinesas penso que ainda virá longe  :tongue:, e sobretudo inglesas.

Quanto às alterações, estou completamente de acordo em relação a elas, quando vejo nelas um sinal de evolução, evolução no sentido positivo da palavra, e não uma evolução apenas referente a mudança, a disparar para a frente. E sinceramente não vejo isso neste caso. Não vejo em que sentido nos irá ajudar retirarmos os "h" no início das palavras e as consoantes não pronunciáveis, quando o são, ou não, mediante  pronuncia, vão ser facultativas. Então mas é para uniformizar de vez? Ou para ir de mansinho, e quando já estivermos mais que amansados pelo nosso "querido filho", ou o "comummente (comumente) chamado "irmão" em parceria com os nossos governantes, puderem dar a estocada final? Talvez daqui a uns anos tenhamos uma pronuncia parecida como o Brasil para sermos alguém. Até hoje muita gente do mundo pensa que somos uma província de Espanha, pode ser que daqui uns anos já o sejamos do Brasil.

Não digo que estas mudanças não pudessem trazer vantagens, mas sinceramente não vejo quais. Será que não nos entendemos por termos diferenças de 1% qual quer coisa entre nós? Se o "h" no início de certas palavras foi visto como necessário, porquê agora tirá-lo e não adicioná-lo no Brasil? Será que ele foi colocado por capricho de algum linguista?

Por fim, prefiro continuar a lutar pelo o que nos diferencia, sem nos separar, na manutenção da nossa cultura, da nossa e sobretudo até dos restantes países que usam o nosso idioma, que por certo se virão em risco de perder cada vez mais idiomas com o dito progresso/evolução, desenraizando-se das suas terras, dos seus costumes, abandonando as suas terras em busca de um lixeira junto a uma cidade para ajudar a enriquecer cada vez mais os tubarões do nosso mundo.
Prefiro também lutar por algo que ainda não morreu, do que dar algo como morto antes de tempo.

Se calhar ainda continua um pouco inflamado e extremado...  :D
Se alguém o sentir, não é minha intenção.  ;)

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Re: Mas será que é possível?
« Resposta #13 em: Quinta, 29 de Novembro, 2007 - 03h18 »
Ora bem começando pelo fim...  :evil:

Citar
Nem mais, era exactamente isso que me referia. Novamente: Que venham os "K", os "Y", os "W" mas que não venha o que realmente não é nosso, o inglês.

Não entendo muito bem o que pretendes dizer... Se cada vez mais introduzimos mais palavras inglesas no nosso vocabulário, no que é que a introdução dessas letras estrangeiras - pelos vistos só até daqui a uns dias - vão diminuir esse facto. Não será precisamente o contrário? Dizes que venham os "K", os "Y", os "W", mas que não venha o inglês... Sinceramente parece-me um contra-censo. Pode não vir o inglês, mas com a existência dessas letras no vocabulário, ou muito me engano, ou vamos adoptar cada vês mais palavras estrangeiras, como alemãs, bem chinesas penso que ainda virá longe  :tongue:, e sobretudo inglesas.

Acho ser preferível adoptarmos essas letras no nosso vocabulário a termos, mais tarde ou mais cedo, de adoptar palavras por inteiro (Infelizmente isso cada vez é mais abitual (Não me enganei a escrever), e deve ser por aí, lutar contra os verdadeiros estrangeirismos que lutar contra algo que é "nosso", mesmo que seja apenas de nossos irmãos.(Retirem os "H" do abitual mas não me façam dizer "common")

Quanto às alterações, estou completamente de acordo em relação a elas, quando vejo nelas um sinal de evolução, evolução no sentido positivo da palavra, e não uma evolução apenas referente a mudança, a disparar para a frente. E sinceramente não vejo isso neste caso. Não vejo em que sentido nos irá ajudar retirarmos os "h" no início das palavras e as consoantes não pronunciáveis, quando o são, ou não, mediante  pronuncia, vão ser facultativas. Então mas é para uniformizar de vez? Ou para ir de mansinho, e quando já estivermos mais que amansados pelo nosso "querido filho", ou o "comummente (comumente) chamado "irmão" em parceria com os nossos governantes, puderem dar a estocada final? Talvez daqui a uns anos tenhamos uma pronuncia parecida como o Brasil para sermos alguém. Até hoje muita gente do mundo pensa que somos uma província de Espanha, pode ser que daqui uns anos já o sejamos do Brasil.

Não nos ajuda a nós portugueses mas poderá ajudar a "nós" falantes do português. Não será isso mais importante que o só "nós portugueses"? (Para mim é)
Como para mim, é "mil vezes" preferível ter uma pronuncia aproximada à dos meus irmãos brasileiros que ter uma britanizada. (Venha a pronuncia brasileira, por favor)

Não digo que estas mudanças não pudessem trazer vantagens, mas sinceramente não vejo quais. Será que não nos entendemos por termos diferenças de 1% qual quer coisa entre nós? Se o "h" no início de certas palavras foi visto como necessário, porquê agora tirá-lo e não adicioná-lo no Brasil? Será que ele foi colocado por capricho de algum linguista?

Upppssss...Aqui não posso dizer mais nada que: "Discordo em absoluto!!!!!!!". Se ninguém quizer ceder de seu lado para ajudar o outro.... e nem pensar sequer retorquir dizendo: "O outro é que deve ceder"... O bem-senso por mais raro que seja deve ser sempre "abusado" em questões em que o que difere é a localização geográfica e não o bom-senso!

Por fim, prefiro continuar a lutar pelo o que nos diferencia, sem nos separar, na manutenção da nossa cultura, da nossa e sobretudo até dos restantes países que usam o nosso idioma, que por certo se virão em risco de perder cada vez mais idiomas com o dito progresso/evolução, desenraizando-se das suas terras, dos seus costumes, abandonando as suas terras em busca de um lixeira junto a uma cidade para ajudar a enriquecer cada vez mais os tubarões do nosso mundo.
Prefiro também lutar por algo que ainda não morreu, do que dar algo como morto antes de tempo.

Como te compreendo. Como gostava de conscientemente dizer que isso era o correcto, mas não consigo. Infelizmente vivemos num mundo em que, ou nos adaptamos ou seremos adaptados, e por isso penso ser melhor adaptarmo-nos que sermos forçosamente adaptados. (Lutemos contra aquilo que nos irá ferir e não contra aquilo que nem cócegas nos fará.)

Não acho ser bom-senso "obrigar" o João Washington, ou o Ricardo Káka, ou o Filipe York, a não puderem registar os seus filhos em Portugal, como portugueses, porque no nome dos pais está uma letra que não faz parte do alfabeto utilizado em Portugal, mas que são tão ou mais portugueses que os portugueses que por cá moram. (Eu sou descendente de Finlandeses, provavelmente serei muito menos português que a maior parte do povo brasileiro)
Sejamos justos... connosco (conosco)e com os nossos irmãos que falam a mesma língua que nós.

O que - nós sociedade - precisamos é de abuso de "bons-sensos" e de vontades... mais nada!
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Re: Mas será que é possível?
« Resposta #14 em: Sexta, 30 de Novembro, 2007 - 21h25 »
Pelos vistos o motivo dos nossos pontos de vistas, aparentemente opostos, é o facto de tu, não sei com que dados que eu desconheça, pensas que possamos vir a ser "colonizados" pela língua inglesa brevemente se não dermos este passo. Isso é algo que não me passa pela cabeça, pelo menos não nos próximos 100... anos. Penso também que a acontecer, muitos países teriam que ser "colonizados" em primeiro lugar pela língua inglesa, o que não tem acontecido, nem parece estar para acontecer. E julgo que mesmo que isso tivesse para acontecer, não seria o facto de mudarmos 1,6% da nossa grafia que iria mudar isso, mesmo que isso significasse uma uniformização, sendo esta aparente, entre os povos de língua portuguesa. Aparente porque várias palavras serão facultativas devido à pronuncia. Será que isto também acontece com a língua inglesa.
É claro que se visse em risco a minha língua materna e tão amada pela língua inglesa, não hesitaria adoptar a grafia e até pronúncia de Brasil, Angola, ou qualquer um dos outros países.

Isto é apenas o que eu penso, não é nenhuma certeza que tenho, uma vez que nem sequer foi feito nenhum debate para informar as pessoas sobre as vantagens que eles encontram neste acordo, e as desvantagens, claro.

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Não nos ajuda a nós portugueses mas poderá ajudar a "nós" falantes do português. Não será isso mais importante que o só "nós portugueses"? (Para mim é)
Como para mim, é "mil vezes" preferível ter uma pronuncia aproximada à dos meus irmãos brasileiros que ter uma britanizada. (Venha a pronuncia brasileira, por favor)

Pensei que compreendesses que quando digo que não vejo vantagem para nós também não vejo vantagens para os restantes. Ainda se houvesse grandes discrepâncias na grafia entre nós. Provavelmente na semântica até existe... Nem quero pensar numa uniformização a este nível. É bem verdade que é mais fácil modificar as palavras.

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Upppssss...Aqui não posso dizer mais nada que: "Discordo em absoluto!!!!!!!". Se ninguém quizer ceder de seu lado para ajudar o outro.... e nem pensar sequer retorquir dizendo: "O outro é que deve ceder"... O bem-senso por mais raro que seja deve ser sempre "abusado" em questões em que o que difere é a localização geográfica e não o bom-senso!

Bem, não gosto muito de ter que explicar algo que escrevi, mas já vem sendo (abitual), e constata-se mais uma vez que é um pouco difícil expressarmo-nos por palavras e fazermos passar a mensagem que temos em mente.
O que quis dizer com esse exemplo do "h" no início das palavras, tal como posso dar o exemplo das consoantes que não são pronunciadas nas palavras, é que não compreendo porque estas foram adicionadas em Portugal. Têm uma razão de ser, ou foi um capricho dos linguistas da altura? Se tem razão de ser, como eu acredito que tenham - talvez esteja a confiar demais nos linguistas daquela altura - não percebo porque têm que ser retiradas em Portugal e não adicionadas no Brasil. Agora, se não têm razão de ser, pois muito bem, retirem-nas que então não estão lá a fazer nada. Costuma-se dizer que é inteligente aquele que sabe aprender com, e se possível reparar os erros que cometeu no passado.

Tal como tu aprecio bastante o bom-senso, tal como a coerência. Pois bem, mas as mudanças a ser feitas têm que ser feitas com base nessas duas premissas e não na "Lei do Mais Forte". Penso que somos inteligentes o suficiente para não nos deixarmos levar pela teoria de Darwin nesta questão. Se bem que, infelizmente, como sabemos, é a essa a lei pela qual a maior parte de nós se rege.

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Não acho ser bom-senso "obrigar" o João Washington, ou o Ricardo Káka, ou o Filipe York, a não puderem registar os seus filhos em Portugal, como portugueses, porque no nome dos pais está uma letra que não faz parte do alfabeto utilizado em Portugal, mas que são tão ou mais portugueses que os portugueses que por cá moram. (Eu sou descendente de Finlandeses, provavelmente serei muito menos português que a maior parte do povo brasileiro)
Sejamos justos... connosco (conosco)e com os nossos irmãos que falam a mesma língua que nós.

Concordo plenamente contigo, os nomes que as pessoas pretendem dar aos seus filhos, ou mesmo escolher para si próprias, deve ser inteiramente da sua responsabilidade. E devem ser aceitadas em toda a parte do mundo.
Ah, e que bela origem tens.  :)   Como são todos elas de resto.  :<)
Será que és mesmo menos português, do que a maioria do povo brasileiro? Do que alguns, talvez. Do que a maioria, só se for a nível de sangue. E para mim, o ser português não está no sangue, mas sim no sentimento. No ser, sentir-se português e não no facto de ser descendente de portugueses. Em boa verdade te digo  :) ,és bem mais português do que muitos portugueses que apenas são descendentes de portugueses a viver em Portugal.  :bow:

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O que - nós sociedade - precisamos é de abuso de "bons-sensos" e de vontades... mais nada!

 :good:

Penso que, como o kirin já referiu, o que mais me perturba nesta questão é tudo isto estar a ser feito "nas costas" dos portugueses e talvez também dos outros países envolvidos no acordo. Não nas costas "nas costas"  :lol:  uma vez que já foi falado, se bem que muito timidamente. Mas o que precisávamos era de debates para nos podermos esclarecer sobre esta questão e até termos mesmo voto na matéria. E como esta existem muitas outras.

P.S: É pena não teres conhecimentos na RTP, para que colocá-ses lá uma cunhazita para pelo menos fazerem um Prós e Contras sobre este assunto.  ;)

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kirin

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Re: Mas será que é possível?
« Resposta #15 em: Sábado, 01 de Dezembro, 2007 - 15h47 »
Deixando uma opinião muito pessoal... pela minha parte, identifico-me muito mais com a maioria dos europeus que conheço (e conheço especialmente nórdicos, com quem teoricamente temos pouco a ver) do que com o brasileiro típico. Isto não é de forma alguma um comentário depreciativo, e não envolve qualquer consideração qualitativa, mas a história, a distância, o contexto político, etc., moldaram dois países muito diferentes. Uma vez que entendo que a língua é, não um factor identificativo de um povo, mas uma das consequências da sua identidade (pelo que entendo que a defesa da língua apenas faz sentido no contexto de uma defesa mais abrangente de toda a identidade), acho injusto para ambos os lados que se esteja a esquecer a razão, ainda que acidental ou aleatória, que determinou cada uma das diferenças.

Ainda em relação à introdução das letras k, w e y, apesar de compreender as razões que podem levar a estar reticente (nomeadamente a possibilidade de servir de "desculpa" para algo mais), não deixa de ser verdade que já há várias palavras em português que as usam (p.ex. kwanza), ou termos "intraduzíveis" (p.ex. unidades de medida como Watt, Newton ou Kelvin, abreviaturas como km ou kg, topónimos, ou os já referidos antropónimos). Para além disso, a sua inclusão no alfabeto não é uma novidade completa nem necessariamente uma "importação", uma vez que representa a recuperação do alfabeto que estava em vigor até ao início do século XX. Já a Rua Sésamo as tinha e muito boa gente aprendeu muito com aquilo :D

É pena não teres conhecimentos na RTP, para que colocá-ses lá uma cunhazita para pelo menos fazerem um Prós e Contras sobre este assunto.  ;)
Isso parece-me muito bem! :good: Penso que vale a pena fazer a proposta, quem sabe como uma das primeiras acções "oficiais" da própria DocsPT  :D


E só para provocar um bocado :tth::
O facto de se recear ser "colonizado" por uma língua que não está uniformizada não será um forte indício de que isso não é um factor impeditivo?

craa


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Re: Mas será que é possível?
« Resposta #16 em: Quinta, 20 de Dezembro, 2007 - 00h45 »
Eu acho que tenho uma opinião algo diferente da vossa embora reconheça que mesmo algo discordantes têm algo de correcto.

Eu como a maioria dos portugueses nem sequer sabe quem define como se escreve correctamente português, e seja quem for, não anda a fazer nada para ajudar ninguém. Dizem que se escreve mal, e escreve-se mal porquê? Porque a escrita não representa a maneira como se fala, e nunca se preocuparam em tornar a língua mais simples dado que todos sabemos que é difícil.
O inglês neste momento sobre uma maior ameaça que o próprio português. Sim é mais falado, mas tem o seu preço. Agora existe até o inglês simplificado que os linguistas e outros ditos intelectuais deitaram às mãos à cabeça quando ouviram isso. O inglês simplificado surgiu na Internet, nasceu pela necessidade de comunicar facilmente com poucas ambiguidades, creio que nasceu espontâneamente do que foi forçado por alguém. O inglês rico e digamos profundo, rico em história da sociedades americanas e inglesas acabou, o inglês é o mundo agora, e por força das circunstância não pode conter muita herança cultural.

Concluindo, se querem aumentar a diferença entre o escrito "correcto" e falado, e que as pessoas ignorem mais linguistas e afins que aprovem, se querem melhorar a língua, que o façam de outra forma.

p.s.: Espero não ter dado muitas calinadas no português :D

p.s.: p.s. ou post-scriptum é latim e ninguém se importa...

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Re: Mas será que é possível?
« Resposta #17 em: Quarta, 02 de Janeiro, 2008 - 18h04 »
« Última modificação: Quinta, 17 de Janeiro, 2008 - 00h52 por cab »
Saiba como pesquisar corretamente aqui.
Como transferir do 1fichier sem problemas de ligação? Veja aqui.
Converta os links antigos e aparentemente offline do 1fichier em links válidos. Veja aqui como fazer.
Classifique os documentários que vê. Sugestão de como o fazer.

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Re: Mas será que é possível?
« Resposta #18 em: Terça, 22 de Janeiro, 2008 - 13h33 »
Mais um artigo que demonstra bem a polémica que este assunto suscita:
arrow: http://ciberduvidas.sapo.pt/controversias.php?rid=1584
Saiba como pesquisar corretamente aqui.
Como transferir do 1fichier sem problemas de ligação? Veja aqui.
Converta os links antigos e aparentemente offline do 1fichier em links válidos. Veja aqui como fazer.
Classifique os documentários que vê. Sugestão de como o fazer.

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Re: Mas será que é possível?
« Resposta #19 em: Terça, 22 de Janeiro, 2008 - 14h37 »
Embora não refira nada de propriamente novo, este último artigo parece-me especialmente interessante e explicativo :up:
« Última modificação: Terça, 22 de Janeiro, 2008 - 14h41 por kirin »